Nem Deus nem o diabo. E então, Funesc, com o Banguê quebrado, o público será impedido de ver a mostra da Cinemateca?

Num domingo qualquer, no ano de 2018, fui ao Cine Banguê assistir ao documentário O Processo, sobre a deposição da presidente Dilma Rousseff. Chegando lá, constatei que o cinema não estava funcionando. Problema técnico com o equipamento. O governador era Ricardo Coutinho. O secretário de Cultura, Lau Siqueira. A presidente da Funesc, Nézia Gomes.

O Banguê passou algum tempo fechado. Semanas? Meses? Não lembro exatamente. Era preciso repor uma peça, e isso não foi rápido? Não havia uma ou mais em estoque? Foi preciso fazer uma licitação? Não sei. Só sei que demorou um bocado até que o cinema do Espaço Cultural retomasse suas atividades.

Corte para 2023.

Para amanhã, sexta-feira, seis de outubro de 2023, há dias que o Cine Banguê anuncia o início de uma mostra da Cinemateca Brasileira. Filmes importantíssimos da cinematografia nacional com entrada grátis. Basta dizer que um desses filmes, Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha, não é exibido num cinema em João Pessoa desde 1981.

De Limite a Central do Brasil. De O Pagador de Promessas a Dona Flor e Seus Dois Maridos. De Carnaval Atlântida a O Bandido da Luz Vermelha. Já pensaram o que é ver (ou rever) todos esses filmes na telona de uma sala exibidora, com condições ideais de áudio e vídeo?

Pois bem, no início da semana, foi divulgado que as sessões do Cine Banguê estavam suspensas por causa de um problema técnico. No site da Funesc, um pequeno anúncio dá conta disso e pede a compreensão do público. Mas não explica mais nada. O que houve com o equipamento? Como será feita a manutenção? Há alguma peça em falta? Quando o cinema volta a funcionar?

Chegamos, então, à véspera da mostra da Cinemateca Brasileira e nada. Hoje cedo, tentei, quase à exaustão, obter uma informação oficial, mas não consegui. Argumentei sem êxito que a Funesc deve uma explicação ao público. O Cine Banguê, afinal, é um importante equipamento cultural e pertence ao poder público, não à iniciativa privada.

Pedi o telefone da presidente da Funesc, Bia Cagliani, mas o funcionário que me atendeu disse não estar autorizado a fornecer o número. Consegui por outra via, mas não fui atendido. Mandei mensagem, também não obtive resposta. Não me surpreende. Assim são os governos (todos!). Ontem era Ricardo, Lau e Nézia. Hoje é João Azevedo, Pedro Santos e Bia Cagliani.

O silêncio sobre o Cine Banguê sem funcionar depõe contra a administração da Funesc. A presidência da fundação devia ter esse entendimento, assim como a sua assessoria de comunicação. Só nos resta torcer para que o problema técnico no Banguê seja solucionado e não nos prive de ver a mostra da Cinemateca Brasileira.