RC80/ROBERTO CARLOS É TÃO GRANDE QUANTO CHICO BUARQUE, CAETANO VELOSO, GILBERTO GIL E MILTON NASCIMENTO!

Nesta segunda-feira (19), Roberto Carlos (Foto/divulgação) faz 80 anos.

Entre os grandes nomes da canção popular do Brasil que despontaram na década de 1960, ele é o primeiro a chegar a essa idade.

Oito décadas de vida e quase seis de gigantesco sucesso popular não foram suficientes para que a intelligentsia nacional o assimilasse plenamente.

Intelectuais, gente de esquerda e ouvintes de gosto refinado ainda lhe fazem muitas restrições e não reconhecem nem o seu talento nem a sua real dimensão.

Gosto sempre de tocar nessa questão pelo quanto lamento que ainda seja assim.

E porque cometem uma injustiça imperdoável os que não enxergam o imenso artista que ele é.

Roberto Carlos é um dos nossos maiores. Como são Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Milton Nascimento.

Cada um fazendo ao seu modo, cada qual com suas peculiaridades, com seus papéis, com suas personas públicas.

Todos extraordinários.

"Roberto Carlos vem de regiões profundas do ser do Brasil" - a frase, de umas três décadas atrás, é de Caetano Veloso, que prestou atenção na vitalidade da jovem guarda e, desta, incorporou alguns elementos ao movimento tropicalista.

É uma fidelíssima leitura da relação estabelecida ao longo dessas décadas todas entre o artista e milhões de brasileiros.

Como Roberto Carlos, poucos dos nossos compositores populares (ou talvez nenhum) conseguiram inserir na memória afetiva de milhões de pessoas um número tão expressivo de canções.

Elas falam de cada um de nós, das nossas vidas, das nossas alegrias e tristezas, dos nossos natais, das pessoas que já perdemos, dos amores que vivemos. E isso é significativo demais.

Roberto Carlos é como uma grande voz que o Brasil tem. Não só a voz do cantor primoroso e perfeccionista que ele é - discípulo, sim, da contenção de João Gilberto.

Mas a voz de uma pessoa a quem tanto amamos que chamamos de Rei. Sem que muitos questionem o título a ele concedido e sem que o passar do tempo consiga destituí-lo dessa majestade.

Roberto Carlos quis entrar na turma da bossa nova. Não conseguiu.

Por Carlos Imperial, foi levado para o rock.

Passou pela soul music em fase de intensa criatividade.

Foi amadurecendo junto com o seu público.

Fez tanto belas canções de inspiração religiosa quanto baladas erótico-românticas.

Seu cancioneiro está repleto de letras confessionais.

Teve ao seu lado um parceiro excepcional - Erasmo Carlos, uma das mais explícitas encarnações do rock brasileiro.

Artisticamente, cometeu, em 1965, um inesquecível gesto de transgressão ao lançar a canção Quero que Vá Tudo pro Inferno.

Junto dela, entre dezenas e mais dezenas de hits, Como É Grande o Meu Amor por Você, Jesus Cristo, Detalhes e Emoções talvez façam uma síntese precisa do seu repertório.

Hoje, segunda-feira, 19 de abril de 2021, o Rei, faz 80 anos.

Roberto Carlos, essa voz tamanha!

Celebremos!