Médias e grandes demitem 94%

O pior trimestre do saldo paraibano de emprego formal da série do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) foi motivado, principalmente, pelas demissões nas médias e grandes empresas da Paraíba. Elas foram responsáveis por 8,983 mil do total dos 9,5 mil desligamentos, o que representou 94,61%. Nem as Micro e Pequenas Empresas (MPEs), que normalmente geram saldo positivo escaparam, e também perderam funcionários no período – com 5,39% (-531 postos) do saldo negativo no acumulado dos três meses no Estado.

A análise tem como base o levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Para a economista e gerente da Unidade de Gestão Estratégica do Sebrae Paraíba, Ivani Costa, as taxas das micro e pequenas são resultado de uma economia em dificuldades no início deste ano.

"Por conta disto, as MPEs também não poderiam passar ilesas por esta fase de baixa. Além do fator macroeconômico, no primeiro semestre, as famílias direcionam seus gastos para outras prioridades que reduzem a demanda do mercado das MPEs e, portanto, do faturamento, o que reduziu expectativas de novas contratações”, comentou.

O microempresário da Pet Show, Aldemir Brandão, contou que o começo do ano, realmente, não foi fácil. “Tivemos uma queda mesmo, em torno de 10% no nosso faturamento nesse período. Em dezembro passado, fechamos a unidade da empresa em Campina Grande, porque a queda das vendas foi muito forte.

Foram quatro funcionários que deixaram de ter emprego. Mas, infelizmente, acredito que a seca prejudicou parte dos nossos clientes da região, então ficou inviável”.

Mas, para o segundo semestre, conforme continuou, a expectativa é de melhora. “Nestes 11 anos de empresa, o que se observa é que o segundo semestre é sempre mais forte. Até agora, não contratamos ninguém, mas quem sabe isto melhora de agosto para lá?”, acrescentou.

No balanço dos três primeiros meses de 2013, as 'médias e grandes' registraram saldo negativo em todas as análises, enquanto as 'micros e pequenas' geraram em fevereiro ainda um saldo positivo de 480 postos.Isso foi motivado pelas MPEs do setor de serviços que conseguiram admitir mais do que demitir e fecharam o mês com saldo positivo (+466 postos).

O empresário da Oficina do Granito, Douglas Ribeiro, contou que o mercado da construção civil – que é atendido por sua empresa – está em baixa desde novembro passado, contudo a mão de obra qualificada é uma raridade para o segmento. “Por isso não falamos tanto em demissões, mas, na verdade, estamos tendo dificuldades em contratar pessoas com qualificação”, pontuou.

Indústria teve maior baixa

Dos cinco setores que mais geram empregos, apenas o setor de serviços (+194 postos) registrou saldo positivo no primeiro trimestre na Paraíba entre as médias e grandes empresas. Já nas micro e pequenas, três atividades apresentaram saldo positivo: serviços (+566 postos), construção civil (+222 vagas) e indústria da transformação (+85).

Ancorado em usinas e indústrias de bebidas, o pior desempenho ficou com a indústria de transformação em empresas com mais de 99 funcionários (médias e grandes). De janeiro a março, o setor acumula nessa modalidade 5,795 mil de saldo negativo. Na segunda posição, ficou a agropecuária também de médias e grandes empresas (-3.033).

Já entre as micro e pequenas empresas, a construção civil (-358) e o comércio (-354) tiveram os piores desempenhos (veja o quadro completo).