Relógios inteligentes vão além das horas

Biônico. O adjetivo que há alguns anos representava apenas uma oportunidade de criar histórias ficcionais está se tornando cada vez mais frequente na rotina das pessoas. E um dos elementos que vem colaborando para esse cenário altamente tecnológico são os relógios inteligentes, aparelhos que interagem com inúmeros equipamentos e que são os novos representantes da computação vestível.

De acordo com o professor Carlos Eduardo Batista, pesquisador do Departamento de Informática (DI) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), os relógios inteligentes têm como diferencial apresentar funcionalidades que vão além daquelas oferecidas por relógios comuns. Reprodutores de mídias digitais, câmeras, termômetros, acelerômetros e navegadores GPS são alguns dos avanços apresentados por eles.

“Os relógios inteligentes podem ser categorizados de acordo com as suas funcionalidades e recursos disponíveis: enquanto alguns focam no auxílio a atividades esportivas, outros servem de interface facilitadora para dispositivos de comunicação, como extensões de celulares e tablets”, comenta, acrescentando que a previsão é de que novos modelos surjam oferecendo recursos ainda mais específicos para diferentes perfis de usuários.

Segundo Batista, entre as plataformas empregadas com maior frequência nos dispositivos está o sistema operacional Android, famoso por abrir brechas para o desenvolvimento de novos aplicativos. “As aplicações de acompanhamento de atividades físicas são muito populares, oferecendo diferentes recursos para o registro das atividades e o acompanhamento de programas de exercícios”, menciona. “Enquanto aplicativos para a notificação de mensagens e gestão de tempo (calendários, agendas, etc.) estão em praticamente todos os relógios inteligentes”, continua.

Apesar de muitas vantagens, aspectos negativos também estão presentes nos relógios inteligentes. Conforme o professor, uma das principais desvantagens é que estes aparelhos funcionam apenas como dispositivos acompanhantes – para celulares ou tablets –, sem a possibilidade de atuar com autonomia. Outro problema tem a ver com a duração da bateria, que é curta em alguns modelos. “Já os preços dos dispositivos nos Estados Unidos estão na média – entre 150 e 300 dólares –, se comparados com similares, porém no Brasil os relógios inteligentes são vendidos por valores acima dos 1000 reais”, considera, analisando que ainda é cedo para afirmar se essa modalidade de computação vestível veio para ficar. “É provável que essa tendência recente afete definitivamente aspectos funcionais e estéticos dos relógios concebidos no futuro”.

EMPRESAS INVESTEM EM PESQUISAS

Samsung, Sony e Motorola. Segundo Carlos Eduardo Batista, grandes empresas de eletrônicos já enxergam futuro no segmento e vêm investindo intensamente em pesquisas de ponta buscando conquistar uma fatia considerável do mercado.

“O Samsung Gear 2 foi lançado em março de 2014 e só se integra com dispositivos da Samsung, servindo de interface para celulares e tablets, exibindo notificações de mensagens e possibilitando a utilização de fones de ouvido e microfones bluetooth para controle e realização de chamadas de voz”, destaca.

“O Sony SmartWatch 2 é um relógio inteligente lançado pela Sony em setembro de 2013 que suporta a integração com dispositivos Android 4 e superiores, de forma que o relógio possa ser usado para controlar remotamente tais dispositivos.

Já o Moto 360, da Motorola, possui design diferenciado (tela circular) e oferece um sistema de notificação baseado no Google Now, permitindo o usuário realizar comandos de voz”, menciona.

Para quem tem curiosidade em relação aos passos da Apple, outra gigante do setor, Batista ressalta que muitas especulações vêm sendo feitas, porém até o momento nada de concreto foi apresentado pela companhia. “Sites especializados garantem apenas que a Apple está desenvolvendo um relógio inteligente com base em patentes recentemente registradas e em vagas de emprego anunciadas pela empresa”, conclui. (Especial para o Jornal da Paraíba)