Paiva admite salários atrasados, comenta sobre ações judiciais e pede reflexão pelo futuro do Treze

Presidente em exercício do Galo foi entrevistado no programa CBN Esporte Clube e deu mais detalhes sobre toda crise administrativa que o clube vem vivendo.

(Foto: Reprodução / TV 13)

A entrevista do goleiro Jeferson, após a derrota para o Floresta por 3 a 1, pela pré-Copa do Nordeste, foi a deixa para que os problemas administrativos do Treze ficassem ainda mais expostos. Na tarde desta quarta-feira, a queixa sobre os salários atrasados teve resposta por parte de João Paiva Filho, presidente em exercício, que assumiu a gestão depois da suspensão de Walter Cavalcanti Júnior, então mandatário, que está suspenso pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) por conta do não pagamento de despesas referentes ao jogo do contra o América-MG, pela Copa do Brasil.

Paiva foi entrevistado ao vivo no programa CBN Esporte Clube e deixou bem claro que só conseguia dar explicações mais claras sobre o que ele vivenciou na atual temporada. Antes disso, ele deu a entender que não vivia de forma tão presente o dia a dia do clube, embora sempre estivesse disposto a ajudar no que fosse preciso.

Sobre o ano vigente, ele confirmou que assumiu a presidência, mesmo que de forma interina, e buscou informações sobre o cenário dos vencimentos de todos os funcionários. E confirma que, além dos salários atrasados, o Treze ainda sofre as consequências dos muito entraves jurídicos acumulados ao longo da última década.

“Eu aceitei esse cargo dizendo que não podia ser tão participativo, por conta do meu próprio negócio. Mas, nos momentos em que eu podia fazer alguma coisa, eu fazia, como sempre tenho feito e ajudado. Mas, do ano passado, eu não tinha conhecimento. Aconteceu essa punição com Walter, eu assumi e pedi que fizessem todo levantamento do que estava acontecendo. O que eu encontrei de Jeferson, este ano, são de três a quatro meses (de salários atrasados). Eu perguntei sobre o ano passado, o que tinha, mas ninguém soube me responder. Mas, deste ano, o que eu vi, na minha planilha de todo elenco, funcionários e comissão, são três meses e alguma coisa pouca para completar quatro”, explicou.

Ele também deu detalhes sobre as muitas ações judiciais que, segundo ele e o que Walter Cavalcanti Júnior lhe passou, potencializaram a crise econômica vivida internamente.

“O que aconteceu também foi que, 2013, 2014, 2015 e 2016 entrou bloqueio e ações judiciais contra o Treze. E refletiu tudo isso nessa diretoria (atual). A gente fica numa situação sem saber para onde ir. Walter Júnior pediu dinheiro emprestado a um, a outro. Aí chega uma pandemia e dá mais problema a isso, porque ninguém conseguiu ganhar dinheiro. A gente sofreu muito com essas ações desses quatro anos. Quando pegamos o Treze, era bloqueio há mais de oito anos. Com muita peleja, a gente conseguiu desbloquear 80%. Só que, quando é desbloqueado, para chegar no Treze, é uma imensa dificuldade. Nós temos uma quantidade muito boa na Caixa Econômica, mas nem a própria Caixa sabe dizer. Tivemos que entrar com mandato de segurança (contra a Caixa). A Timemania, neste ano, nós só recebemos três vezes. O resto nós não recebemos mais. Foi o que Walter passou para mim”, disse.

Paiva admite salários atrasados, comenta sobre ações judiciais e pede reflexão pelo futuro do Treze
Fábio Alves comemora gol que sacramentou vitória do Floresta sobre o Treze, nessa terça-feira | Foto: Ronaldo Oliveira / ASCOM Floresta EC

Na entrevista de Jeferson, ao apito final do jogo contra o Floresta, o goleiro revelou que não recebe salário desde o mês de junho e que o momento pelo Alvinegro é também caso de polícia. As fortes declarações trouxeram à tona a falta de compromisso do clube na temporada passada, quando, segundo o arqueiro, chegou a ficar seis meses sem receber os vencimentos do trabalho prestado dentro de campo.

O ano de 2021 foi, de fato, para que caia no esquecimento de quem torce para o Treze. Quem representa a instituição, fora de campo, vai precisar mesmo é de muito planejamento, trabalho e autocrítica para retomar o Galo da Borborema aos grandes feitos que o time já conseguiu conquistar ao longo de seus 94 anos.

Para a jornada do ano que vem, Paiva ainda não consegue garantir nada sobre o que está por vir, mas é muito franco sobre os objetivos que o clube precisa usar como prioridade para se reerguer dentro e fora de campo.

“A gente está com a ideia de fazer uma reforma, usar o pessoal da base. Temos que sentar, conversar, refletir muito, para que possamos fazer um trabalho de médio a longo prazo. Não podemos pensar em título. Temos que pensar em organizar, para que possamos ter uma situação melhor lá na frente”, afirmou.

A despedida do Treze dos gramados neste aconteceu nessa terça-feira, de forma melancólica, pela pré-Copa do Nordeste, com o mesmo reflexo do que a equipe reproduziu ao longo das competições. Antes, o Galo da Borborema atuou na Copa do Nordeste, na Copa do Brasil, no Campeonato Paraibano, na Série D do Brasileiro. Em todas elas, o Alvinegro foi eliminado na primeira fase.