Botafogo-PB denuncia torcedor do próprio clube por suposta injúria racial na final do Paraibano 2022, contra o Campinense

Botafoguense é flagrado em vídeo fazendo gestos obscenos e, supostamente, chamando integrantes da delegação do Campinense de “macaco”. O Belo registrou BO contra esse torcedor.

Botafogo-PB denuncia torcedor do próprio clube por suposta injúria racial na final do Paraibano 2022. Foto: Reprodução / Redes sociais

A final do Campeonato Paraibano Pixbet 2022, entre Botafogo-PB e Campinense, que começou no último sábado, teve um fator extracampo que vem movimentando os bastidores do futebol por conta de um problema grave e, infelizmente, recorrente. Um grupo de torcedores do Belo, autodenominado Setor 31, acusou um torcedor do próprio clube de cometer injúria racial, que teria acontecido nas arquibancadas do Almeidão, durante o jogo. Nesta segunda-feira, a diretoria botafoguense confirmou que já identificou o torcedor, contra quem registrou um Boletim de Ocorrência, e que está providenciando a sua exclusão do quadro de sócios do clube.

O episódio foi flagrado por um cinegrafista amador que estava presente no Almeidão. No vídeo, que foi amplamente divulgado nas redes sociais desde o domingo, inclusive pela Setor 31, é possível perceber um homem, em primeiro plano, vestido com uma camisa do Botafogo-PB, em meio a vários torcedores alvinegros. Esse homem faz gestos obcenos, estirando o dedo do meio, profere duas vezes uma palavra que parece ser “macaco” e gesticula com as duas mãos espalmadas ao lado da cabeça. Pela imagem, no entanto, não é possível identificar a quem ele se dirigia com essas palavras e esses gestos.

Nesta segunda-feira, o Botafogo-PB publicou uma nota reconhecendo que o episódio, de fato, aconteceu e informando que o clube tomou algumas providências. Segundo a nota, o Belo identificou o torcedor e já entrou com um procedimento para retirá-lo do seu quadro associativo, além de ter registrado um Boletim de Ocorrência na Polícia Civil.

— O Botafogo Futebol Clube nunca compactuou e jamais irá compactuar com gestos ou falas de cunho preconceituoso, sobretudo racistas. O nosso clube é do povo, o nosso clube é plural. A nossa força vem das nossas diferenças unidas pelo alvinegro da estrela vermelha, não há mais espaço para reprodução de qualquer tipo de preconceito na nossa arquibancada — diz um trecho da nota do Belo.

O Jornal da Paraíba conversou com Guilherme Moura, vice-presidente jurídico do Botafogo-PB. Ele confirmou que o BO do clube foi registrado na Delegacia de Polícia Civil do Bairro do Cristo e admitiu que, até agora, não sabe se houve crime, mas que as atitudes do torcedor sugerem um caso de injúria racial.

— Ainda não sabemos se houve crime. Mas a extrapolação de limites do torcedor sugere um caso de injúria racial. Coletamos o material, comunicamos às autoridades, e eles decidirão o que farão com o material — detalhou o vice jurídico do Botafogo-PB.

Membro da Setor 31, Diego Monteiro explicou que o torcedor não faz parte desse grupo reservado de botafoguenses, conhecido por ter uma postura antirrascista, inclusive levando faixas contra o racismo para o estádio.

— Eu estou muito triste. Um cara que nunca foi lá na gente (onde a torcida fica), foi lá e fez isso. Tínhamos que nos posicionar. Todo jogo levamos um trapo (bandeira) escrito “fogo nos racistas”. É nessa hora que precisamos nos posicionar e não deixar isso acontecer. Só espero que o clube expulse o cara do quadro de sócios o mais rápido possível — disse Monteiro.

Pelo menos uma Torcida Organizada do Campinense se posicionou sobre o caso. A Torcida Organizada da Raposa (TORA) lamentou o episódio e também divulgou o registro audiovisual do ocorrido nas redes sociais. Na partida não havia torcedores da equipe visitante.

Em campo, quem levou a melhor foi o Campinense. A Raposa saiu perdendo para o Botafogo-PB, mas virou o jogo para 2 a 1. O jogo de volta da final acontece no sábado, no Estádio Amigão, às 17h.