Marcos Aurélio faz 100 jogos com a camisa do Botafogo-PB numa trajetória de taças e tropeços

Meia tem 28 gols pelo clube e 22 assistências, além de dois títulos estaduais

Por Pedro Alves

Marcos Aurélio faz 100 jogos com a camisa do Botafogo-PB numa trajetória de taças e tropeços
Foto: Reprodução / TV Belo

Marcos Aurélio é 100. O meia camisa 10 do Botafogo-PB fez seu centésimo jogo oficial com a camisa do Botafogo-PB nesse sábado, no duelo do Belo com o Floresta-CE, pela Série C do Campeonato Brasileiro, em um jogo insosso e sem gols. A partida, no entanto, foi histórica. O meia de 37 anos atingiu uma linda marca “centenária” pela segunda vez na sua carreira. A primeira foi pelo Coritiba, onde o meia cuiabano jogou em 173 partidas.

Marcos Aurélio, aliás, vem fazendo história quase que a rodada a rodada no Belo. Neste ano já chegou ao posto de segundo maior goleador do século do clube, com 28 gols. Basta um para se isolar na posição. Atualmente divide a vice-liderança do ranking com os atacantes Edmundo e Nando. Em temos de presenças em campo, no século atual, fica atrás apenas de Genivaldo (208) e Dico (116), com o manto alvinegro. Pelo Belo, Marcos Aurélio ainda foi importante com 22 passes para gol.

Uma trajetória que começou em 2018 e é marcada por altos, baixos, taças e decepções. A primeira temporada foi quase perfeita. Marquinhos – como é chamado por muitos companheiros e funcionários do clube – chegou ao time paraibano para ser a estrela e o camisa 10. Fez bem seu papel no primeiro semestre. Levou o Belo a um mata-mata da Copa do Nordeste, foi um dos craques do Campeonato Paraibano, fez golaço em clássico em cima do Treze e levantou a taça de campeão paraibano.

Marcos Aurélio faz 100 jogos com a camisa do Botafogo-PB numa trajetória de taças e tropeços
Foto: Pedro Alves

Veio o segundo semestre e as coisas ficaram mais difíceis. Porém o meia ainda tinha gás e bola para oferecer. Ajudou a colocar o Belo no mata-mata do acesso da Série C, ficando a um passo da Série B. Um passo em que ele tropeçou junto com o restante da equipe. MA10 teve nos seus pés boas chances de conquistar o acesso, no duelo contra o homônimo paulista, o Botafogo de Ribeirão Preto. Perdeu um pênalti na partida de ida, em João Pessoa, ainda na primeira etapa do confronto. Seu companheiro até hoje de clube, Juninho, marcou de cabeça na segunda etapa e fez a turma alvinegra esquecer mais o erro da cobrança do seu camisa 10. Por alguns dias.

No jogo de volta, Marcos Aurélio foi para o sacrifício. Se recuperava de uma lesão no tornozelo durante a semana, mas conseguiu ir a campo no jogo do acesso. O Botafogo-PB fez grande partida, controlou o adversário na maior parte do tempo, mas sofreu o gol no último minuto do confronto. O Belo foi abalado para os pênaltis. E Marcos Aurélio, novamente, desperdiçou a finalização da marca da cal. Saiu de uma temporada que chegou a ser enorme, bem pequeno.

Ainda assim, a diretoria apostou nele para 2019. E, novamente, deu certo em certa medida. Marcos Aurélio voltou bem aos gramados em 2019. Foi, sem dúvida, o grande nome da campanha história do time paraibano na Copa do Nordeste daquele ano. Com gols, assistências e boas atuações, MA10 carregou um time competitivo do Belo que foi bater na final do torneio regional pela primeira vez na história do clube. Na decisão, pegou o Fortaleza de Rogério Ceni e fez frente. Mas deu a lógica, e com duas vitórias magras por 1 a 0, o Leão do Pici levantou pela primeira vez a taça do Nordestão.

Por falar em taça, Marcos Aurélio quem ergueu mais uma pelo Botafogo-PB. Fez um estadual razoável e foi mais uma vez campeão paraibano pelo clube. Como capitão, levantou a taça. Após a Copa do Nordeste, o Belo foi caindo de produção. O meia era parte disso.

Marcos Aurélio faz 100 jogos com a camisa do Botafogo-PB numa trajetória de taças e tropeços
Foto: Guilherme Drovas / Botafogo-PB

O Belo decepcionou na Série C e acabou em meio de tabela, sem voltar a disputar o mata-mata do acesso. Marcos Aurélio atuou muito mal em alguns jogos, e a leitura da diretoria naquele momento também fez sentido: era hora de encerrar o vínculo com o meia.

Em 2020, Marcos Aurélio seguiu a sua vida. Foi jogar no Brasiliense. Mas o Botafogo-PB não melhorou com a sua saída. O time capengou por toda a temporada, esteve envolto por uma briga política interna desgastante e precisou recorrer, no desespero, a amuletos, no fim do ano futebolístico. Marcos Aurélio chegou na reta final da Série C para tentar salvar o Alvinegro da queda para a Série D.

E conseguiu. Sendo importante. Mesmo atuando mal em alguns jogos, MA10 fez uma boa partida na vitória da equipe contra o Vila Nova – crucial na matemática da permanência – e deu o passe para o gol de David Batista, que marcava o empate do Botafogo-PB diante do Treze, no jogo que valia uma vaga na Quarta Divisão. Jogando pelo empate contra o rival, o Belo se garantiu na Série C de 2021 e ainda rebaixou o Galo.

Esses dois bons momentos do meia na temporada passada deram confiança para a diretoria renovar com o jogador para 2021. Achei um erro. Mas tinha sentido num momento em que o clube atravessa uma real crise financeira. Mas vem rolando o que eu imaginava. Marcos Aurélio foi colocado para ser protagonista, mas não consegue mais entregar o que já entregou. O Belo não conseguiu se achar na temporada e o meia é parte do problema de um time muitas vezes relapso e sem inspiração com a bola.

Futebol é assim. Bons e maus momentos. Marcos Aurélio já agregou muito, segue fazendo história no clube, mas o passado é mais bonito do que o presente.