Petrúcio Ferreira é ouro nos 100m e bate recorde paralímpico

Por Dani Fechine e Phelipe Caldas

Petrúcio Ferreira é ouro nos 100m e bate recorde paralímpico
Foto: CPB/Divulgação

O paraibano Petrúcio Ferreira ganhou medalha de ouro nos 100m na classe T47, nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, nesta sexta-feira (27), com novo recorde paralímpico. O paratleta confirmou o favoritismo no Estádio Olímpico com o tempo de 10s53, vencendo a prova e batendo o próprio recorde anterior de 10s57.

Outros dois brasileiros também competiram na mesma prova, com dobradinha no pódio. Washington Junior ganhou medalha de bronze, com 10s68. A prata ficou com o polonês Michal Derus, com 10s61.

“Muita emoção, é indescritível. Eu estava confiante, esperando, porque ele estava treinando há muito tempo, ele dá 100% do corpo dele todos os dias e a consequência é essa medalha. Um orgulho para o Brasil inteiro”, disse a esposa de Petrúcio, Martha Pereira.

Esta foi a quarta medalha paralímpica da carreira de Petrúcio. Além dos dois títulos, em Tóquio e na Rio 2016, nos 100m, ele também tem duas pratas conquistadas nos Jogos no Brasil: prata nos 400m T47 e no revezamento 4x100m T42-47.

História

Petrúcio Ferreira nasceu em São José do Brejo do Cruz, cidade do Sertão da Paraíba distante pouco mais de 394km de João Pessoa. Uma família simples de agricultores, que mora ainda hoje num pequeno sítio da zona rural do município.

A vida do corredor até aqui foi repleta de acasos que modificavam para sempre o seu destino, ainda que ele, não raro, sempre disse que havia em tudo um sentido em sua vida, algo que ele, homem de fé, credita a Deus.

Por exemplo, ele tinha menos de dois anos de idade quando o principal desses “acasos” aconteceu. Justamente o mais trágico, ao mesmo tempo aquele que abriria caminho para o multicampeão que ele se tornaria.

No sítio, o pai dele, Paulo, foi moer capim para servir de comida para o gado e o filho resolveu ir junto. Foi um instante. Num momento, ele estava ao lado no pai. No outro, o pai do menino escutou um grito alto e um choro. Petrúcio, curioso, colocou a mão esquerda no buraco da forrageira e a lesão foi imediata. Desesperados, a família levou o menino ao hospital e lá houve a confirmação da amputação da mão e de parte do antebraço.

O corredor não lembra dos episódios daquele dia. Nem carrega traumas. Sempre levou a situação com naturalidade e cresceu como uma criança feliz. Até que veio o segundo acaso de sua vida, esse bem mais feliz.

Petrúcio era apaixonado por futebol. Jogava futsal em seu colégio. E foi a Patos jogar a etapa regional dos Jogos Escolares da Juventude. Lá, jogando de igual para igual com os adversários, correndo e demonstrando uma velocidade incomum, acabou chamando a atenção de Ricardo Ambrósio, um dos organizadores da competição naquele dia.

Foi ali mesmo que Ricardo ligou para Pedro Almeida, o Pedrinho, técnico de atletismo da Universidade Federal da Paraíba. Era um achado, dizia Ricardo Ambrósio, que Pedrinho precisava conhecer.