Livro sobre o paraibano Índio, histórico jogador do Flamengo, será lançado com narrações raras e o retorno à Paraíba

Atacante cabedelense marcou época nos campos de futebol, em especial na década de 1950, quando defendeu o Flamengo e foi convocado para a Seleção Brasileira, sendo o primeiro paraibano a jogar uma Copa do Mundo.

Livro “Índio, o herói de 57” foi lançado na Gávea — Foto: Divulgação / Livros de Futebol

Natural de Cabedelo, Aluísio Francisco da Luz, mais conhecido por Índio, terá um livro que conta sobre sua carreira profissional lançado nesta quinta-feira, às 17h, no Hall de Entrada do Clube de Regatas do Flamengo, na Gávea, no Rio de Janeiro. A obra, escrita por Fábio Henrique Alves, traz momentos dele na conquista do tricampeonato do clube carioca, a liderança no vestiário e a sua volta à Paraíba em 1952.

Índio saiu cedo da Paraíba. Com a perda do pai quando ele tinha sete anos de idade, o lendário jogador se mudou com a mãe para o Rio de Janeiro. Lá, o paraibano construiu uma carreira gloriosa no futebol. O cabedelense foi um dos primeiros nordestinos a defender a camisa da seleção brasileira, o primeiro paraibano a disputar uma Copa do Mundo, o primeiro negro a vestir a camisa do Espanyol, além de ter marcado época no Flamengo, na década de 50. Com tantas histórias, o autor Fábio Henrique decidiu escrever toda a trajetória esportiva de Aluísio Francisco da Luz, o Índio, em 212 páginas.

O livro é biográfico, estritamente sobre a carreira profissional de Índio e tem 212 páginas. Desde o seu nascimento, em Cabedelo, à sua partida de forma trágica para o Rio de Janeiro após o falecimento do pai. Ele começa a conhecer o futebol na escola e decide ser jogador. Inicialmente foi parar numa espécie de franquia do Bangu, que era os Aliados do Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, disse.

Fábio Henrique conta que muitas pessoas tiveram significativa importância para Índio durante sua carreira. Mas, segundo eles, Togo Renan Soares, histórico técnico do futebol e basquete do Flamengo, descobriu o paraibano no Bangu e o levou para o Rubro-Negro carioca. A partir dali, o cabedelense logo se destacou nos gramados.

Ele teve grandes encontros com pessoas que foram chaves na carreira dele. O primeiro deles com Togo Renan Soares, um dos grandes técnicos de futebol e basquete da história do Flamengo. Sendo, no basquete, técnico mais vitorioso da história da CBB — bicampeão mundial e campeão carioca 10 vezes pelo Flamengo. O ginásio da Gávea leva o nome dele. É tio de Jô Soares. E aí ele conhece Índio na base jogando na várzea, enxerga o potencial e leva ele para o Flamengo, que é onde começa a história dele no Flamengo, relembrou.

Índio se destacou no Flamengo na década de 50, sendo tricampeão carioca (1953-55), e artilheiro do tri, em um time que contava com grandes nomes da história do esporte, como Zagallo, Evaristo de Macêdo, Benítez, Joel, entre outros. Fábio Henrique relembra que o paraibano chegou no Mengão em um momento que o clube passava por uma seca de títulos. No entanto, o seu impacto dentro de campo foi imediato.

Ele chegou no Flamengo em 1951 como profissional. Foi destaque na primeira turnê europeia do Flamengo: 10 vitórias em 10 jogos, e como artilheiro. Foi premiado na Europa. Quando ele volta, acaba a escrita de 20 jogos que o Vasco vencia o Flamengo. O Flamengo enfrentava uma fila de quase 10 anos sem título Carioca, que era o grande título nessa época. Não existia torneios nacionais nessa época, e o grande título era o Carioca. Ele ajuda demais o Flamengo a sair dessa fila. Ele é artilheiro. O Flamengo se torna tricampeão em 53, 54 e 55. Artilheiro de 53 e 56, comentou.

Livro sobre o paraibano Índio, histórico jogador do Flamengo, será lançado com narrações raras e o retorno à Paraíba
Livro sobre Índio será lançado nesta quinta-feira. Foto: Reprodução

O Flamengo conquistou o tricampeonato em 1955. Na decisão daquele ano, uma vitória no primeiro jogo da decisão garantia o caneco para o Rubro-Negro. Porém, o Mengão foi derrotado pelo América-RJ por 4 a 1 e ainda perdeu o paraibano Índio por lesão. Porém, segundo narra Maurício Neves de Jesus, o cabedelense, como líder, levantou o ânimo de todo o elenco no vestiário. No jogo decisivo, vitória por 4 a 1, com quatro gols de Dida, e o tri estava carimbado.

Maurício Neves de Jesus narra no livro a importância de Índio, não só dentro de campo, como fora. O clube foi para a final do Carioca de 55, mas Índio se machucou justamente na decisão. E aí ele ficou muito triste por não ter participado do jogo. Eram dois jogos. Mas, caso o Flamengo vencesse o primeiro, já seria o campeão. É goleado por 4 a 1 do América-RJ e houve um abalo. Mas Índio, segundo Maurício, deu um choque no elenco, que tinha Zagallo, Evaristo de Macêdo, e essa alegria dele de ser útil fora de campo, disse.

Fábio Henrique ainda relembrou o retorno de Índio à sua terra natal, em 1952. Na ocasião, o Flamengo faria um jogo pela primeira vez na sua história na Paraíba. O jogador, por outro lado, preferiu se ausentar da partida para visitar familiares. Segundo conta o autor, o Rubro-Negro chateou alguns paraibanos, que esperavam o ver em campo. Ainda de acordo com Fábio, alguns jornais da época noticiaram a derrota do clube e disseram que Índio estava em campo, o que ele considera como a primeira fake news no futebol paraibano.

A primeira volta dele à Paraíba acontece em 1952. O Flamengo faz seu primeiro jogo na Paraíba, em João Pessoa, no antigo Estádio do Clube Cabo Branco, em Jaguaribe. Índio vem com a delegação do Flamengo e ele pede para ser dispensado para visitar os familiares em Cabedelo. Mas os paraibanos queriam ver o conterrâneo que brilhava no sudeste. Houve uma espécie de chateação das pessoas que foram vê-lo e ele não estava. Tempos depois começou a circular a notícia que o Flamengo havia perdido, e perdeu, no combinado contra Botafogo-PB e Auto Esporte-PB. Aí circulavam notícias que o Flamengo teria perdido com Índio e tudo. E eu costumo dizer que essa foi a primeira fake news do futebol da Paraíba, afirmou.

Livro sobre o paraibano Índio, histórico jogador do Flamengo, será lançado com narrações raras e o retorno à Paraíba
Na foto, Índio, Joel Rubens, Evaristo de Macêdo e Zagallo — Foto: Reprodução

Por fim, Fábio Henrique conta que o livro é um acervo com narrações e imagens raras. Além disso, revelou que Evaristo de Macêdo, histórico atleta do Flamengo, estará presente no lançamento da obra sobre o Paraibano.

O livro é recheado de histórias com histórias e imagens raras. O prefácio é do jornalista Peres Ribeiro e a apresentação de Maurício Neves de Jesus. A presença de Evaristo de Macêdo está confirmada. Estou com apoio grande do Flamengo, em especial da Diretoria de Patrimônio. Estou sendo bem acolhido aqui. Fizemos uma pesquisa séria. As vendas serão no fim do mês de junho. O lançamento promete ser muito bacana para honrar tudo o que Índio fez pelo Flamengo, pela Paraíba e pelo Brasil, finalizou.

O lançamento do livro “Índio – O Herói de 57” será nesta quinta-feira, às 17h, no Hall de Entrada do Clube de Regatas do Flamengo, na sede da Gávea, no Rio de Janeiro.