Eclipse solar: entenda os tipos de fenômeno

Ao todo, existem quatro tipos de eclipses solares que podem ser vistos no céu diurno.

Onde ver o eclipse em João Pessoa

João Pessoa vai ser uma das melhores capitais de todo o Brasil para observar o eclipse solar anular que vai acontecer no dia 14 de outubro, devido a sua localização geográfica e pela forma como o evento astronômico vai acontecer. Mas além desse eclipse solar anular, o Sol conta com outros três tipos de eclipses.

O Jornal da Paraíba apurou quais são os tipos de eclipses existentes e conversou com o professor de Física formado pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e mestre em cosmologia, Felipe Sérvulo, que explicou qual a melhor e mais segura forma de observar esses fenômenos.

O que é um eclipse?

Conforme Felipe explica “um eclipse é um evento astronômico no qual um corpo celeste ou até mesmo um objeto artificial oculta a visão ou a sombra de um corpo celeste em relação a um observador. Um eclipse pode acontecer em qualquer lugar do Sistema Solar, mas, para nós, os mais conhecidos são os eclipses entre a Lua, o Sol e a Terra”.

Por que os eclipses são importantes?

O especialista explica que os eclipses são importantes por poderem ser uma excelente ferramente para testar hipóteses e teorias científicas, como foi o caso da Teoria da Relatividade Geral de Einstein, que foi testada aqui no Brasil em 1919 durante um eclipse solar total e fez de Einstein um famoso físico na época.

Eclipses solares

Segundo a Nasa, um eclipse solar acontece quando o Sol, a Lua e a Terra se alinham, seja de forma total ou parcial. Ao todo, existem quatro tipos de eclipses solares: o eclipse total, anular, parcial e híbrido. (Falaremos mais deles abaixo.)

Eclipse solar total

Eclipse solar total em 21 de agosto de 2017, no Oregon.
Eclipse solar total em 21 de agosto de 2017, no Oregon, nos Estados Unidos. Foto: divulgação/NASA/Aubrey Gemignani.

Um eclipse solar total acontece quando a Lua fica entre o Sol e a Terra, bloqueando totalmente a face do Sol. As pessoas que estiverem no ‘centro’ da Lua quando ela atingir a Terra verão o eclipse solar total. Felipe complementa dizendo que é nesse tipo de eclipse que o dia se torna noite durante alguns minutos.

Os espectadores no caminho de um eclipse solar total podem ver a coroa do Sol, a atmosfera externa, que normalmente é obscurecida pela face brilhante do Sol.

Este é o único tipo de eclipse em que os espectadores podem remover momentaneamente seus óculos de eclipse (que não são iguais aos óculos de sol normais) durante o breve período de tempo em que a Lua está bloqueando completamente o Sol.

Eclipse solar anular

Eclipse solar: entenda os tipos de fenômeno
Software mostra ‘ápice’ do eclipse solar anular em Araruna – Foto: reprodução/Sollarium

De acordo com a explicação do especialista, o eclipse solar anular, que é o que acontecerá no dia 14 de outubro, ocorre quando a Lua fica entre o Sol e a Terra, mas nesse caso, o satélite natural está em seu ponto mais distante da terra (chamado de apogeu) e não preenche totalmente o disco solar.

Restando um círculo ou anel de luz com a Lua exatamente no centro (para observadores que estão na faixa de anularidade). E é dai que vem o nome do eclipse anular vem de “annulus”, a palavra em latim par anel.

O Jornal da Paraíba também fez uma matéria especial sobre as Superluas, onde explicamos como a órbita lunar funciona, confira!

Eclipse solar parcial

Eclipse solar: entenda os tipos de fenômeno
Eclipse solar anular será visto na Paraíba – Foto: Bruna Cairo

Diferente dos outros eclipses já citados, um eclipse solar parcial (veja o exemplo acima de como esse tipo de eclipse é visto) acontece quando o Sol, a Lua e a Terra se aliam de forma irregular. Segundo Felipe, esse eclipese ocorre em regiões afastadas da umbra (a sombra mais interna de um eclipse). E, para os observadores, o disco do sol não será totalmente ocultado pela Lua.

Assim, apenas uma parte do disco do sol adquire uma forma de “Lua crescente” em algumas regiões.

Eclipse solar híbrido

Como a superfície da Terra é curva, algumas vezes um eclipse pode alternar entre anular e total à medida que a sombra da Lua se move pelo globo. Isso é chamado de eclipse solar híbrido.

Como observar o eclipse solar de forma segura

Eclipse solar: entenda os tipos de fenômeno
Método de observação indireta também é um dos mais recomendados para ver o eclipse – Foto: reprodução/Felipe Sérvulo

De acordo com Felipe, em um eclipse solar, quaisquer que sejam eles, é necessário tomar algumas precausões para proteger a visão da radiação nociva que pode causar danos irreversíveis à visão humna.

Primeiramente é preciso fazer uma lista de objetos que NÃO se podem utilizar, que são:

  • óculos de sol normais;
  • chapa de raios-x;
  • filmes antigos de câmeras analógicas; e
  • câmera do celular.

Veja abaixo quais os obejtos recomendados por Felipe para observar um eclipse de forma correta:

Óculos

Um dos equipamentos mais recomendados para quem quer observar um eclipse são os óculos. Eles criam uma barreira física entre os raios que vêm do sol e o próprio olho.

Porém, o especialista alerta que nem todo tipo de óculos é recomendado para esse tipo de caso. “Existem várias formas seguras de se observar um eclipse, por exemplo, utilizando óculos especiais com filtros solares que reduzem a radiação solar nociva, inclusive os raios-UV, que causam danos irreversíveis à visão, inclusive levando à cegueira”.

Filtros

Além disso, existe também a opção do espectador do eclipse se utilizar de filtros específicos em telescópios, lunetas e até binóculos. Vale lembrar que o tipo de filtro tem que ser adaptado para a observação astronômica e também de procedência segura, já que muitos desses equipamentos são comercializados por meio de terceiros.

Felipe chama atenção para que outros objetos não sejam utilizados na observação do eclipse, porque isso pode aumentar, inclusive, os danos causados pela exposição ao sol.

Na falta de um óculos especial com filtro solar ou os filtros especiais de telescópios ou lunetas, Felipe recomenda usar vidro de soldador número 14 ou maior.

Outras formas de observação

Além disso, existe uma forma ainda mais segura de observar o eclipse, que é pela observação indireta, como conta o físico. “Um outro método de observação é o método indireto, no qual a luz do eclipse é projetada através de lentes de binóculos ou telescópios e uma superfície, e é possível então observar o fenômeno de forma segura”, diz Felipe.

Próximos eclipses solares

Felipe revela que há sempre uma expectativa da comunidade astronômica se tratanto de eclipse, pois são eventos raros, principalmente o solar.

Ele lembra que o último eclipse solar total visível do Brasil ocorreu novembro de 1994, e o último eclipse solar anular ocorreu um ano depois, em abril de 1995,ou seja, há 28 anos atrás.

Conforme a Nasa informa, até 2025 os próximos eclipses solares ocorrerão em:

  • 8 de abril de 2024, eclipse solar total;
  • 2 de outubro de 2024, eclipse solar anular;
  • 29 de março de 2025,eclipse solar parcial;
  • 21 de setembro de 2025, eclipse solar parcial.