Somos o país da TV aberta

Relatório aponta que mais de 84% da população brasileira assiste à TV Globo.

Na disputa pela audiência nacional, a Globo talvez seja a única das grandes redes de comunicação capaz de fazer frente às plataformas digitais do YouTube e Facebook. Essa briga pelo espectador/usuário tem resultado em polarizações apaixonadas e mal-entendidos do mercado anunciante sobre o uso efetivo das mídias. A questão não se trata de você “preferir” A ou B: que tal focar a atenção no que faz o cliente?

Muita verba tem sido mal empregada por anunciantes, orientados por agências ou consultorias que teimam em não olhar a floresta, mas um par de árvores. Vamos então aos números. Em relatório recente, apoiado em medições do Kantar/Ibope e Comscore, a Globo aponta ter em média 183 milhões de telespectadores mensais de audiência, apenas na TV aberta. Como estima-se que o Brasil tenha 212,6 milhões de habitantes, o sinal global atingiria a cada 30 dias mais de 84% da população. Esse dado corresponde à média mensal do período de janeiro a maio deste ano, portanto antes e durante a fase inicial de expansão da pandemia. Sem subestimar o alcance e a força das redes sociais, não deixa de ser surpreendente a revelação da pesquisa de que há mais de 46 milhões de pessoas que assistem a Globo e não acessam Facebook. E mais de 45 milhões que assistem a Globo e não acessam o Youtube.

Mas o mundo se move. Se de um lado as megaplataformas transnacionais (inclua Amazon, Netflix, Disney, Apple, Google, Tik Tok etc…) investem para ampliar seu público e se manter detentoras sustentáveis de conteúdo próprio, as redes brasileiras se esforçam para emplacar suas operações de assinatura, on demand e de streaming. De todo modo, seja qual for o futuro da midiosfera terrestre, o Brasil – com seu tamanho, seu modelo econômico de concentração de renda e sua complexidade sócio-cultural – nunca será de fácil previsibilidade. E isso exige dos acadêmicos, publicitários e executivos das empresas que se dediquem com afinco a saber mais sobre as especificidades de cada mercado, desarmados de posições generalistas ou pré-concebidas.