COTIDIANO
Caso Júlia: delegado diz que padrasto que confessou ter matado a menina demonstra frieza
Polícia aguarda a conclusão de exames que podem apontar se a menina sofreu abuso sexual antes de ser morta, além da comprovação física da identidade do corpo.
Publicado em 13/04/2022 às 16:14 | Atualizado em 13/04/2022 às 16:51
O delegado Hector Azevêdo, responsável pela investigação da morte da adolescente Júlia dos Anjos, disse nesta quarta-feira (13), em entrevista coletiva na Central de Polícia de João Pessoa, que Francisco Lopes, o padrasto que confessou ter matado a menina, demonstra frieza e não aparenta nenhum arrependimento pelo crime. O corpo foi retirado de um poço na Praia do Sol nesta terça-feira (12), local apontado pelo suspeito, já em estado de decomposição. A polícia aguarda a conclusão de exames que podem apontar se a menina sofreu abuso sexual antes de ser morta, além da comprovação física da identidade do corpo.
O delegado conta que Francisco Lopes confessou o crime com aparente frieza e pediu somente para o fato pessoalmente à irmã. “Ele demonstra ser uma pessoa muito fria. Não esboça sentimento nenhum, não demonstra arrependimento”, afirmou o delegado em entrevista coletiva. A irmã entrou em choque com aquela notícia, mas ele continuou calmo e com o mesmo semblante".
O corpo de Júlia permanece no Instituto de Polícia Científica (IPC). Até o momento, não há previsão sobre quando será liberado. O delegado acrescentou também que, pelo avançado estado de decomposição, a conclusão dos exames será mais trabalhosa.
O suspeito passou por audiência de custória na manhã desta quarta-feira (13) e durante a tarde foi transferido para o Presídio do Roger, em João Pessoa.
A confissão
O delegado disse que Francisco confessou ter matado Júlia por asfixia, em casa, na cama em que ela dormia. Em seguida, colocou a adolescente já sem vida no carro e levou até a cacimba onde o corpo foi encontrado. Depois de matar a enteada e se livrar do corpo, ele voltou para casa. Mais tarde, o suspeito, que trabalhava como mecânico de elevador, foi para o trabalho e jogou o celular de Júlia fora.
Hector Azevêdo relata também que a família morava em um apartamento no térreo e que o carro de Francisco estava estacionado na garagem, a no máximo três metros do quarto onde ele matou Júlia. Já o reservatório de água onde o corpo foi deixado ficava há no máximo 600 metros do prédio. Até o momento, a informação é que Francisco agiu sozinho, mas as investigações continuam. A polícia também ainda não pode indicar se foi premeditado, mas o delegado afirmou que o suspeito conhecia o local onde deixou o corpo da enteada.
Francisco alega que cometeu o crime porque a adolescente não aceitava a gravidez da mãe. O delegado disse que, de acordo com depoimentos de familiares sobre o comportamento de Júlia, essa tese não tem nenhum fundamento. “É completamente inverossímil, não tem nenhum fundo de verdade nisso aí”, pontuou.
O padrasto nega que tenha abusado sexualmente da enteada. O delegado disse que, após a confissão dele, familiares relataram que havia uma desconfiança de conotação sexual na relação dele com a enteada. “Um familiar relatou ter presenciado olhares lascivos [ de Francisco para Júlia]. Ontem chegou a informação de que ele tinha sido pego olhando a menina no banheiro”.
Entenda o caso
Júlia, de 12 anos, estava desaparecida desde a quinta-feira (17), em João Pessoa. Ela morava com a mãe, que está grávida, e o padrasto, no bairro de Gramame. Segundo o delegado do caso, Josélia e Francisco se conheciam há cerca de três anos, namoravam há 10 meses e passaram a morar juntos há três meses.
A mãe relatou inicialmente que a filha havia recebido mensagens de uma mulher na quarta (6), que alegou gostar do perfil dela no Instagram, e teria se oferecido para dar dicas de marketing digital para a adolescente.
A mulher desconfiava que esse poderia ter sido um dos motivos do desaparecimento da filha, hipótese que foi descartada posteriormente.
Nesta terça-feira (12), as suspeitas recaíram contra o padrasto, que após novo depoimento confessou o crime. Depois da confissão, ele apontou onde deixou o corpo.
Contradições no depoimento de Francisco Lopes levaram a polícia a identificá-lo como um possível suspeito. Uma das situações citadas pelo delegado Hector Azevêdo foi que o homem estava com cortes no rosto e alegou ter sido um acidente com um barbeador, mas a sua barba não aparentava ter sido feita recentemente. Além disso, a Polícia Civil observou que o celular de Francisco ter caído e quebrado no mesmo dia do desaparecimento da adolescente.
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