VIDA URBANA
Iphan revela que mais de 80% das cidades da PB não possuem museus
Levantamento realizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional na Paraíba mostra que 86% dos municípios do Estado não possuem museu.
Publicado em 21/03/2010 às 10:36
João Paulo Medeiros
Do Jornal da Paraíba
A história, os costumes, documentos, objetos e vestígios que marcaram a trajetória de milhares de famílias paraibanas estão ameaçados. Um levantamento realizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) na Paraíba mostra que 86% dos municípios do Estado não possuem museu. Ou seja, não dispõem de instituições públicas ou privadas que tenham a missão de resgatar e ‘guardar’ a memória de seu próprio patrimônio histórico.
Das 223 cidades do Estado, conforme o órgão, somente 32 mantêm em funcionamento esse tipo de espaço, totalizando 80 museus espalhados pelo território paraibano. Destes, 38 estão localizados nos dois maiores municípios: João Pessoa (25) e Campina Grande (13). Cidades importantes como Cajazeiras, Itabaiana, Piancó, Conceição e Itaporanga ainda não possuem esse tipo de ambiente, conforme o Iphan. O perigo, no entendimento dos historiadores, é que com a ausência dos museus e a evolução do tempo, boa parte da história das cidades mergulhe no esquecimento.
“Os museus possuem uma importância muito significativa na preservação do patrimônio histórico e artístico dos municípios. Sem esses espaços, as cidades estão deixando de preservar a identidade cultural e a sua própria história”, discorreu o historiador e sociólogo Joselito Eulâmpio da Nóbrega, pesquisador da área.
Em Campina Grande, por exemplo, lugares como o Museu do Algodão e o Museu Histórico e Geográfico do município guardam um pouco da memória dos fundadores, fatos e personagens que protagonizaram a histórica campinense. Na capital, o Museu Casa de José Américo, o Museu José Lins do Rego e o Museu do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano (IHGP), revelam a trajetória de ícones da política e da literatura paraibanas.
Distante das maiores cidades do Estado e localizado em Santa Luzia, no Vale do Sabugi, o museu comunitário Jeová Batista de Azevedo funciona desde 1971 como um ‘oásis histórico’ do passado vivido na região sertaneja da Paraíba. Com mais de cinco mil peças, o espaço tem um acervo rico em documentos, moedas, fotografias, armas e instrumentos usados pelo homem do semiárido séculos atrás. Em Areia, o Museu do Brejo Paraibano, ou ‘Museu da Rapadura’, retrata o processo de exploração da cana-de-açúcar vivido durante os séculos XVII e XVIII.
“A Paraíba possui um valioso patrimônio cultural, que está sob a guarda dos museus. É preciso pensar nos museus diferentemente do senso comum, em que são considerados apenas depositórios de coisas antigas. Os museus são lugares de memória e de ação social. São instituições de inclusão social e construção de cidadania. O museu só tem força se for apropriado pela comunidade onde está localizado e se ele faz algum trabalho em prol dessa comunidade. Isso quer dizer que o museu não é um lugar apenas para turistas”, observou Átila Tolentino, especialista em Gestão de Políticas Públicas de Cultura e Técnico da Superintendência Regional do Iphan no Estado.
No Brasil, os museus são protegidos como patrimônio histórico e obedecem à regulamentação expressa pela Lei n.º 11.904, criada no ano passado e conhecida como ‘Estatuto dos Museus’, que define as finalidades, atuação e existência das instituições museológicas.
Comentários