Exame preciso e menos invasivo

Exames endoscópicos ganham mais precisão, com nova metodologia que usa uma cápsula com microcâmera.

Os exames de endoscopia e colonoscopia costumam ser encarados com maus olhos por muitos pacientes, por se tratar de métodos invasivos, onde é necessário o uso de sedativos, internação e nem sempre conseguem analisar todo o intestino.

Esse cenário começa a mudar com o advento da cápsula endoscópica, câmera que é ingerida e pode ser usada para diagnósticos que os exames convencionais não detectam.

Recém-chegado na Paraíba, o método é bem mais simples que o exame convencional, mas possui indicações específicas, conforme explicou o gastroenterologista Heraldo Rocha. “A principal indicação do exame é para o estudo das doenças do intestino delgado, como por exemplo doenças inflamatórias, pólipos e tumores. Tem muita valia na investigação do sangramento digestivo de origem obscura, que consiste numa situação de perda sanguínea a partir do sistema digestivo”.

O exame é realizado por uma pequena câmera sem fio, do tamanho aproximado de uma cápsula de remédio, que é engolida pelo paciente. A cápsula percorre todo o trato digestivo, da boca ao ânus, tirando três fotografias por segundo e transmitindo-as para um gravador posicionado no abdome do paciente, que, após ingestão, vai para casa. O procedimento é semelhante ao monitoramento por Holter, e dura de oito a dez horas.

Após esse tempo, o paciente retornará à clínica para retirar o equipamento, onde as imagens captadas (cerca de 120.000) são passadas para um programa de computador específico, que as transformará em um filme, cujas imagens serão assistidas e interpretadas por médicos especialistas. A cápsula engolida será naturalmente eliminada nos próximos dias.

O médico Marcelo Vincente, também especialista no exame da cápsula endoscópica, comparou o procedimento com as análises comuns. “Os exames de Endoscopia Digestiva Alta (EDA) e colonoscopia são excelentes, porém têm algumas limitações. Ambos necessitam de preparos intestinais adequados, sedação anestésica, que são procedimentos mais invasivos, com inserção de tubos longos e flexíveis, têm limitação de alcance e são realizados em clínicas ou hospitais, exigindo que o paciente perca pelo menos um dia de trabalho”, explicou.

De acordo com o médico, o EDA consegue alcançar esôfago, estômago e o início do intestino delgado, o duodeno. Já a colonoscopia examina o reto, o cólon (intestino grosso) e os últimos centímetros do intestino delgado (íleo). Com isso, cerca de sete metros do nosso intestino delgado (duodeno, jejuno e íleo) não são vistos pelos exames mais tradicionais, daí a indicação da cápsula endoscópica, que pode diagnosticar doenças que acometem essa parte do intestino.

Dentro das principais doenças que atingem o intestino grosso estão sangramentos gastrointestinais, doenças inflamatórias intestinais (principalmente Doença de Crohn), cânceres, pólipos intestinais e Doença Celíaca. (Especial para o JP)