Meninas do crime: passando a limpo os erros do passado

Jovens que cumprem medida na Casa Educativa buscam chance de melhorar de vida deixando para trás criminalidade e más influências.

Elástico colorido na cabeça, rosto com traços ainda infantis, na transição da fase de criança para a adolescência. Essa é Roberta, de 13 anos, e a conversa com ela foi no refeitório da Casa Educativa, em João Pessoa, onde adolescentes do sexo feminino que cometeram atos infracionais cumprem medida socioeducativa. Ao todo, são 33 meninas na instituição, sendo sete cumprindo medida por delito análogo a homicídio e outras 23 por análogo ao tráfico de drogas.

Sempre com mãos em prece postas sobre a mesa, como quem está diante de um confessor, Roberta conta sua história, o que a levou, quando mal saia da infância, para a criminalidade. “Eu não precisava fazer o que eu fiz e terminei aqui. A gente entra nessa vida (do crime) se a gente quiser. Têm umas meninas que eu conheço que vieram para cá”, comenta a garota, que cumpre medida por delito análogo a roubo.

Atenta aos relatos das outras quatro adolescentes que estavam à mesa para participar da entrevista, Roberta interrompeu, sem querer, as falas das colegas várias vezes e em todas frisava o arrependimento pelo o ato que a deixou privada da liberdade, longe da família. “Isso aqui não vale a pena não. Meu pai e minha mãe sempre vêm me visitar e falam: ‘Minha filha, quando você sair daqui, procure sua melhora’. Eu tenho saudade da minha família. Eu tinha uma família. Nada é perfeito na vida, mas eu tinha uma família. Tudo que eu precisava, nas condições dela, minha mãe me dava”, argumenta a menina.

No último domingo (3), o JORNAL DA PARAÍBA trouxe uma matéria especial sobre o aumento de crimes graves praticados por adolescentes do sexo feminino e o envolvimento das garotas no comando e até no aliciamento de outros jovens, confira.