No Brasil, história confirma a importância da escolha do vice

A chegada de Michel Temer à presidência é o exemplo mais recente. Há mais quatro episódios na cena política brasileira nas últimas seis décadas. 

No Brasil, a escolha do candidato a vice-presidente é importantíssima. Não pode estar limitada a uma mera conveniência partidária, a uma composição que ajude no resultado das urnas. A história mostra que não. É preciso, de fato, que seja um nome preparado para assumir a titularidade em caráter definitivo. Em pouco mais de seis décadas, cinco presidentes foram substituídos pelo vice.

O primeiro deles foi Café Filho. Era o vice de Getúlio Vargas. Assumiu a presidência em agosto de 1954, depois que Getúlio se matou com um tiro no peito. Foi um governo curto. Café Filho licenciou-se antes da posse de Juscelino Kubitschek, que assumiu em 1956. 

O segundo foi João Goulart. Era o vice de Jânio Quadros, que sucedeu JK. Jânio renunciou em agosto de 1961, poucos meses após a posse. Os militares quiseram impedir a posse de Jango, que estava na China no momento da renúncia. A saída foi a aprovação de uma emenda parlamentarista. A experiência não deu certo. Um plebiscito trouxe o presidencialismo de volta. Goulart foi deposto pelos militares em 1964.

Em 1985, a morte de Tancredo Neves levou o vice, José Sarney, ao poder. Vindo da resistência ao regime militar, Tancredo, ainda que eleito pela via indireta, seria o primeiro presidente civil depois do golpe de 64. Já Sarney esteve o tempo todo ao lado dos governos de exceção. Rompeu poucos meses antes da eleição.

Itamar Franco foi o próximo vice a assumir. Chegou ao poder em outubro de 1992. Era o vice de Fernando Collor, primeiro presidente eleito pela via direta depois do golpe de 64. Com Collor atingido pelo impeachment, Itamar governou por pouco mais de dois anos. Preparou o país para a estabilidade econômica e fez de Fernando Henrique Cardoso seu sucessor.

Ao assumir nesta quinta-feira (12), por ocasião do afastamento de Dilma Rousseff, Michel Temer leva o PMDB de volta à presidência. Mas o partido que comandou a resistência ao regime militar ainda não conseguiu eleger um presidente pelo voto direto.