POLÍTICA
40 anos do atentado do Riocentro. Essa história não deve ser esquecida
Publicado em 30/04/2021 às 6:26 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:51
No início da década de 1980, quando a ditadura militar começava a viver seus estertores, artistas da música popular engajados nas lutas pela redemocratização costumavam se reunir em grandes shows coletivos para festejar o Dia do Trabalhador.
Comprometido com a chamada abertura política, o presidente era João Figueiredo, que sucedera Ernesto Geisel. O general Golbery do Couto e Silva, chamado de gênio da raça pelo cineasta Glauber Rocha, era ministro da Casa Civil.
Os dois - Geisel e Golbery - haviam desempenhado papel importante no processo que levaria ao fim dos governos de exceção.
Essa história toda está muito bem contada pelo jornalista Elio Gaspari no seu conjunto de cinco livros sobre a ditadura iniciada em 1964.
Em 1981, o show do Dia do Trabalhador foi na noite de 30 de abril, no Riocentro.
As apresentações já tinham começado quando houve uma explosão do lado de fora.
Num puma, dois homens do Exército conduziam duas bombas que explodiriam no local do show.
Uma delas explodiu antes do tempo, dentro do carro, matando um dos militares e ferindo o outro gravemente.
O atentado do Riocentro fazia parte de uma reação de setores de ultradireita do Exército insatisfeitos com os rumos da abertura política.
Menos de um ano antes, uma carta-bomba enviada à Ordem dos Advogados do Brasil, então presidida por Seabra Fagundes, matou Lyda Monteiro da Silva, secretária da entidade.
Na mesma época, o jurista Dalmo de Abreu Dallari, ligado ao clero progressista e à Arquidiocese de São Paulo, foi vítima de um sequestro com agressões físicas.
Nesta sexta-feira (30), faz 40 anos do atentado do Riocentro.
É uma data a ser lembrada. Como devem ser lembradas a morte de Lyda Monteiro e as agressões a Dalmo Dallari.
O Brasil de 2021 não é governado por políticos de direita - digamos, normais - que podem se alternar, no poder, com políticos de esquerda. Como em qualquer democracia.
O Brasil de 2021 é governado por um bando de loucos - disse Chico Buarque.
Nos grandes jornais, que não são de esquerda, os articulistas usam adjetivos inacreditáveis para classificar o presidente da República - algo que nunca vimos.
No Brasil de 2021, o próprio presidente já participou de atos pelo fechamento do Congresso e do STF e sonha com um autogolpe.
É por isto que, neste Brasil de 2021, é importante a lembrança do atentado do Riocentro, naquela noite de festa democrática e de música popular no Rio de Janeiro.
Lá se vão 40 anos.
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