POLÍTICA
Adoro Gabeira, mas ele já passou da idade de subestimar Bolsonaro
Publicado em 22/12/2020 às 14:31 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:53
Fernando Gabeira está no meu radar desde a década de 1970. Bem antes da volta do exílio.
Era o jornalista de texto primoroso que trocara as redações pela clandestinidade e participara do sequestro do embaixador americano.
No retorno ao Brasil, anistiado, curtiu o verão carioca com uma tanga mínima.
A direita detestou. O lado careta da esquerda, também.
Fiquei (tantos ficaram!) impressionado com a trilogia que lançou a partir de O que é isso, companheiro?. Pela qualidade literária do texto, pelas reflexões do ex-guerrilheiro, pela disposição que exibia de mudar.
Foi para o parlamento, militou na esquerda, mas não perdeu a capacidade de criticá-la, quando achou necessário.
Nos últimos anos, Gabeira pendeu para a direita - diz boa parte da esquerda.
Não acho justo. Mesmo quando discordo dele.
Há pouco, às vésperas dos 80 anos, escreveu um artigo em que confessa que, na eleição de 2018, subestimou Bolsonaro.
Traduzindo: não pensou que, eleito presidente, ele fosse tão ruim.
É difícil de entender. Ora, Gabeira, com a experiência que tem, há muito já passou da idade de subestimar Bolsonaro.
Não sei se votou nele. Acredito que não. Mas não podia subestimá-lo, equívoco que, passados dois anos, reconhece ter cometido.
Feito o comentário, deixo registrado que Gabeira vai permanecer no meu radar.
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