POLÍTICA
Collor não nomeou Neroaldo. Professor de direita teria dito ao presidente que toparia assumir no lugar do vencedor
Publicado em 05/11/2020 às 9:49 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:54
Na UFPB, a comunidade universitária amanheceu nesta quinta-feira (05) com a má - e nada surpreendente - notícia de que o presidente Jair Bolsonaro não levou em conta a consulta para a escolha de quem vai suceder a professora Margareth Diniz na reitoria da universidade.
O nomeado foi Valdiney Veloso Gouveia, e não a primeira colocada, Terezinha Domiciano.
As consultas remontam à primeira metade da década de 1980, quando a ditadura militar estava em seus estertores.
Jackson Carneiro de Carvalho foi o primeiro "eleito". O presidente João Figueiredo respeitou a consulta e o nomeou.
Antônio Sobrinho foi nomeado pelo presidente José Sarney.
Jáder Nunes, pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.
Rômulo Polari, pelo presidente Lula.
Margareth Diniz, pela presidente Dilma Rousseff.
Pulei o nome de Neroaldo Pontes porque ele não foi nomeado pelo presidente Fernando Collor.
Antes dele, Jackson e Sobrinho eram identificados como candidatos de direita. Neroaldo, não. Seu nome era associado à esquerda, ao PT.
Collor segurou a nomeação dele. Só que o presidente sofreu o impeachment, e o sucessor, Itamar Franco, afinal, respeitou a escolha da comunidade universitária e nomeou Neroaldo para a reitoria.
Vou contar um episódio daquele período.
Ouvi do próprio personagem, cujo nome não quero mencionar.
Um professor de direita, que sempre sonhou com o cargo, foi cogitado para ser nomeado no lugar de Neroaldo.
Esteve com o presidente em Brasília e ouviu dele algo mais ou menos assim:
"Como é? O senhor topa mesmo assumir a reitoria?".
E a Collor, o professor disse que sim.
É realidade?
É lenda?
Não sei.
Mas, nessas horas, fico com a lição do mestre John Ford:
Quando a lenda é melhor do que a realidade, imprima-se a lenda.
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