icon search
icon search
home icon Home > política > conversa política
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin copiar link deste artigo
Compartilhe o artigo
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin copiar link deste artigo
compartilhar artigo

CONVERSA POLÍTICA

Opinião: para evitar barulho, tarifa de ônibus de João Pessoa é reajustada no Carnaval e se torna maior do Nordeste

O aumento foi de 25 centavos. O preço: R$ 4,40. Não é pouco para quem já conta as moedas e está arrochado pelo aumento de todos os itens básicos da sobrevivência. Sistema está em crise e gestores ainda tentam resolver o problema passando a conta para população.

Publicado em 26/02/2022 às 10:26 | Atualizado em 26/02/2022 às 13:35


                                        
                                            Opinião: para evitar barulho, tarifa de ônibus de João Pessoa é reajustada no Carnaval e se torna maior do Nordeste
Foto: Raniery Soares/Jornal da Paraíba

				
					Opinião: para evitar barulho, tarifa de ônibus de João Pessoa é reajustada no Carnaval e se torna maior do Nordeste
Foto: PMJP. Foto: PMJP

A estratégia não é nova e como sempre deu certo. Evita o barulho da população e da imprensa, desarticulada em períodos festivos.  Estamos falando do reajuste do preço das passagens de ônibus de João Pessoa, anunciado numa sexta-feria de Carnaval, para começar a valer no sábado.

Recorrendo a uma analogia, é como uma criança que já sabe que está fazendo algo, no mínimo questionável, e espera o momento mais estratégico para contar aos pais e diminuir o impacto negativo da má notícia.

O pior é que a manobra impede que algumas pessoas abasteçam o cartão de passagem com o valor mais baixo, que fica válido por 30 dias. O usuário é pego de "calças na mão".

O aumento foi de 25 centavos. O preço: R$ 4,40. Não é pouco para quem já conta as moedas e está arrochado pelo aumento de todos os itens básicos da sobrevivência.

Para uma parte significativa que vai ter que incluir 25 centavos no orçamento está difícil até mesmo se alimentar. Como se deslocar é prioridade, comer menos será a escolha para muitos. Empresários vão ter que apetar as contas também para poder incluir os centavos no auxílio-transporte.

População paga por fracasso do modelo 

O reajuste, com todos os motivos apresentados, é tecnicamente passar para o usuário a conta dos custos de operação, necessidade de modernização e melhoria das linhas. Não é que esse cidadão não deva arcar com parte das despesas, mas há algo errado quando, proporcionalmente, é ele o responsabilizado boa parte da crise.

Ninguém quer se deslocar de graça, mas o preço não é justo. Basta comparar com cidades que têm uma população bem maior. Um levantamento feito pelo G1 Paraíba mostra isso. Ao lado de Salvador, a capital paraibana tem a passagem mais cara do Nordeste. 

Mas Salvador tem uma população quase quatro vezes maior que João Pessoa.


				
					Opinião: para evitar barulho, tarifa de ônibus de João Pessoa é reajustada no Carnaval e se torna maior do Nordeste

O número de usuários de ônibus da capital vem caindo nos últimos anos, tem dito o sindicato das empresas. Efeito da "uberização", da "motorização" da população. Da busca pelo transporte individual a qualquer custo. Na verdade, efeito de uma sistema de transporte que vem se tornando cada vez menos atrativo. Infelizmente.

As opções surgiram e o usuário está fugindo da falta de regularidade, pontualidade, calor, barulho e estresse. O resultado são avenidas com mais carros e motos, mais congestionamentos e uma tentativa de ampliar avenidas que não trará solução a médio e longo prazos.

As empresas, de fato, sofrem com aumento de custos, o lucro tem diminuído ao extremo, se comparado as épocas de "riqueza", mesmo com redução de impostos dos combustíveis anunciados pela prefeitura e governo do estado.

A conta não fecha e o movimento paliativo é dividir com a população, por meio de centavos. Dividir com quem ainda, por pura necessidade, continua  no sistema. Um sistema de espera. Muitas vezes, sem abrigo, sob sol e chuva, sem uma calçada para se proteger.

Não precisa ser especialista para saber que é enxugar gelo. Esse modelo de transporte coletivo está intubado (para usar um termo pandêmico). O "ar não chega" porque o país vive sob incertezas, com inflação alta camuflada; insumos, matéria-prima e combustível sempre aumentando, além de moeda fraca.

E, vale ressaltar, na época de "vacas gordas", ninguém quer mexer com os ganhos e ao governo não é exigido ajuda.

Tentativas e iniciativas

Muitos prefeitos pelo país já entenderam isso e foram a Brasília procurar ajuda. O de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), que integra a Frente Nacional dos prefeitos, já colocou o tema em discussão com o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Não houve avanço. Pelo menos a informação de que o governo federal vai criar um "mecanismo" de ajuda ou uma forma de subsidiar o transporte da população não foi divulgada.

Em Campina Grande, o prefeito Bruno Cunha Lima coloca em prática a reformulação de todo o sistema para diminuir deslocamentos longos, fazer ligação entre bairros e otimizar os custos.

O sistema ainda está sendo implantado, mas uma primeira ação, com a gestão assumindo mais fortemente uma parte da conta, com criatividade e transparência, melhorou a vida da população: a passagem ficou mais barata. A gente só não sabe até quando.

Há de haver um modelo inteligente e viável para que a "ponta", o usuário, seja excluído da contas.

Sem o lazer gratuito

Não é aumentar o lucro das empresas concessionárias (e elas precisam ser mais transparentes).  Mas é evitar que além de impostos absurdos, aqueles que têm menos renda também paguem pelo custo de algo básico: o direito de se deslocar na cidade.

Não se engane, até o lazer de graça fica prejudicado. Ir ao Parque da Bica, ao Parque da Lagoa, à praia de Tambaú, Cabo Branco ou Seixas, de ônibus, é caríssimo pra muitas famílias. Optar por esse momento de felicidade familiar, com o menor custo, também tem ficado pesado.

A direção da Semob argumentou que o aumento foi menor que a inflação, vai permitir a "renovação" de parte da frota, e aumentar rotas, linhas para usuário. Justificativas que são boas na teoria. Na prática, ou não são sentidas ou não duram mais que "uma par de anos".

Mais um vez, a gente se mantém enxugando gelo, com a população com menos renda pagando para depois congelar a água e, logo em seguida, enxugar de novo.

Os gestores municipais, estaduais e federais, empresas e estudiosos precisam oferecer mais que essa solução líquida.

Imagem ilustrativa da imagem Opinião: para evitar barulho, tarifa de ônibus de João Pessoa é reajustada no Carnaval e se torna maior do Nordeste

Angélica Nunes Laerte Cerqueira

Tags

Comentários

Leia Também

  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
    compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp