CONVERSA POLÍTICA
Agricultoras da Borborema protestam em Solânea contra instalação parques eólicos na região
A atividade fez parte de um processo de mobilização das famílias rurais para debater os impactos do modelo industrial da geração de energia eólica.
Publicado em 02/05/2022 às 19:25 | Atualizado em 02/05/2022 às 19:36
Agricultoras de 13 cidades da Borborema, na Paraíba, realizaram, na manhã desta segunda-feira (2), em Solânea, um ato público contra a instalação de parques eólicos na região.
A atividade fez parte de um processo de mobilização das famílias rurais para debater os impactos desse modelo industrial da geração de energia.
De acordo com a organização, cerca de cinco mil mulheres do Polo da Borborema e também de outras regiões da Paraíba, dos estados do Rio Grande do Norte, Pernambuco, Rio de Janeiro e Paraná participaram da 13ª Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia.
No centro de Solânea, elas cantaram, marcharam e levantaram bandeiras coloridas.
“Com a Marcha, queremos debater com a sociedade o que acontece com as comunidades rurais a partir do olhar das mulheres que vivem no campo. Queremos também dialogar com nossos governantes sobre o modelo de geração de energia que a gente quer no nosso território. A gente não é contra as energias renováveis, mas contra a indústria energética que se instala pertinho das nossas casas, nos nossos roçados, nas nossas comunidades”, comenta Maria do Céu Silva, uma das lideranças do Polo da Borborema e do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Solânea.
As manifestantes realizaram uma esquete descrevendo os problemas que estão e podem chegar com o modelo dos grandes parques eólicos. Após a encenação, as agricultoras de territórios onde os parques eólicos foram instalados falaram da sua realidade.
“Eles prometem o mel e entregam o fel”, sustenta Soraia dos Santos de São Miguel do Gostoso, no Rio Grande do Norte. “Pra falar a verdade, na nossa comunidade, já faz seis anos que os parques eólicos foram instalados, e pra receber R$ 600 tá na justiça. E aquele pedaço de chão muitos não têm o direito de passar por lá. Muitos também já perderam até gado porque as porteiras se quebram, as empresas não consertam, e o gado vai pra mata e se perde”, comenta Tatiana Muniz, do município de Tibau, também no Rio Grande do Norte.
Carta política
A coordenação da Marcha apresentou a Carta Política e assumiu o compromisso de transformá-la em instrumento de incidência junto ao governo da Paraíba, deputados estaduais e prefeitos para o diálogo e construção de um projeto de produção de energia que leve em consideração a qualidade de vida da população do campo.
O documento reafirma os potenciais do território que conquistou sua soberania alimentar e declara, ponto por ponto, porque as mulheres se atravessam na frente das indústrias eólicas que querem se instalar no território.
Medidas protetivas
A Carta Política, ao final, ressalta a necessidade de medidas protetivas que o Estado deve adotar para proteger as famílias rurais das violações de seus direitos. Destaca também a necessidade de ampliar o debate na sociedade sobre a geração de energia que também contemple a visão das mulheres agricultoras defensoras dos territórios e da biodiversidade.
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Com informações da Aspta/ Fotos: Assessoria Aspta
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