Análise: quando um deputado estadual defende um “golpe militar” não é mera opinião

O que o Conselho de Ética da Assembleia da Paraíba irá fazer com a declaração de Cabo Gilberto?

Foto: Reprodução/Instagram

O deputado estadual Cabo Gilberto (PL) defendeu nas redes sociais um novo “golpe militar”. Eleito pelo voto democrático, quer empurrar o autoritarismo “goela abaixo” e dar uma rasteira na democracia que o fez ter voz. Não é mera opinião. É externar um desejo que vai de encontro ao que diz a Constituição.

“O super poder da república está provocando o caos de forma proposital no Brasil 🇧🇷 a história se repete, precisamos dar um contragolpe, assim como ocorreu em 1964, não temos outra escolha! Não existe mais democracia e constituição, só existe o STF!”, afirmou na rede social, nesta segunda-feira (9).

Imagine se alguém toma o poder no estado da Paraíba e, simplesmente, arranca o mandato dele de maneira autoritária, com a justificativa de que é preciso manter a ordem?

O Conselho de Ética da Assembleia precisa ler o que o Cabo escreveu nas suas redes.  Aliás, o que Conselho irá fazer com a declaração de Cabo Gilberto.

Prepara-se Adriano Galdino (presidente da AL). Pelo visto, se Bolsonaro conseguir dar o golpe que está preparando, Cabo Gilberto também vai querer manter a ordem e arrancará o senhor da cadeira de presidente.

Mas na ditadura, ganha quem tem mais força. Por isso, algum outro deputado mais autoritário, pode puxar uma arma e tirar o Cabo da presidência.

Quem sabe impedi-lo de entrar no parlamento. O que, Galdino, na democracia, não quis fazer, quando o Cabo se recusou a tomar a vacina contra Covid-19.

Na prática, Cabo Gilberto externou o desejo do presidente Bolsonaro. Externou a vontade dos radicais bolsonaristas que podem vencer a eleição, mas não consideram a hipótese da derrota. Isso é grave.

A tese e o discurso do golpe de Bolsonaro está na praça. O Cabo é só um mensageiro. Só não acredita quem não quer. Como as instituições, entre elas os parlamentos nacional e estaduais estão se preparando?

E os colegas do parlamentar vão achar que é uma loucura? Vão entender como palavras ao vento?

Os democráticos do Legislativo paraibano precisam se pronunciar. O Cabo já colocou as regras do jogo dele na mesa. De maneira infeliz e irresponsável para um deputado estadual.

Análise: quando um deputado estadual defende um "golpe militar" não é mera opinião