Vereadores bolsonaristas emplacam projetos que preveem guarda armado nas escolas e creches de João Pessoa

O projeto, de Eliza Virgínia, foi aprovado com os votos contrários dos vereadores Marcos Henriques (PT) e Junio Leandro (PDT).

Foto: Reprodução/Internet

A Câmara de João Pessoa aprovou, nesta quinta-feira (11), projetos que buscam ampliar ações de segurança nas escolas e creches da capital. Uma delas bem polêmica.

O Projeto de Lei de Eliza Virgínia (PP) quer a disponibilização de profissionais especializados em segurança armada nas unidades escolares. Além desses profissionais, o texto prevê controle rigoroso para permissão de entrada e saída nas dependências da unidade escolar; instalação de alarmes sonoros e visuais de emergência.

Na lista de ações, estão a implantação de detectores de metais, botão de pânico e câmeras de monitoramento. Além de treinamento anual para alunos, funcionários e corpo docente, com simulação sobre como agir em casos de incêndio, enchentes, atentados com armas e outros.

Eliza Virgínia afirmou que quem tem medo de agentes de segurança é bandido.

“Pessoas de bem se sentem seguras perto de agentes de segurança, os policiais não podem deixar de ter acesso às escolas. Essas medidas são uma resposta aos ataques que as escolas vêm sofrendo. Lá dentro estão guardadas as nossas maiores jóias, as nossas crianças. Precisamos garantir a segurança delas”, afirmou.

O projeto foi aprovado com os votos contrários dos vereadores Marcos Henriques (PT) e Junio Leandro (PDT).

O projeto fala em dez medidas de segurança, mas não ataca o cerne da questão, que passa pela vulnerabilidade dos jovens aos conteúdos distribuídos nas redes sociais e o aumento do acesso às armas de fogo. A matéria tenta resolver a violência nas escolas de forma equivocada, militarizando as escolas, transformando-as em presídios. Isso só vai aprofundar a violência”, argumentou Marcos Henriques.

Junio Leandro disse ser favorável à vigilância no entorno das escolas e revista para acesso ao ambiente escolar. No entanto, o parlamentar discordou do trecho que permite o livre acesso, sob qualquer circunstância, de agentes de segurança pública, com ou sem vínculo com a unidade escolar. “Não acho razoável dar livre acesso a pessoas armadas ao ambiente escolar, gera desconforto e até risco”, ponderou.

Outro projeto

O PL (1.395/23), de autoria do vereador Tarcísio Jardim (PP), institui o Programa Municipal de Vigilância e Monitoramento da Rede de Ensino de João Pessoa, com o objetivo de “estabelecer medidas de reforço à segurança nas escolas, delimitando uma série de protocolos de prevenção, identificação e ação frente a possíveis investidas criminosas que possam representar risco à integridade física e psicológica de estudantes, professores e outros colaboradores e membros da comunidade escolar”.

Entre as medidas previstas estão a disponibilização de um vigilante armado, integrante da Guarda Civil Metropolitana, durante todo o período escolar; câmeras de monitoramento; treinamento anual dos funcionários quanto à identificação de possíveis problemas mentais das crianças e adolescentes; envio anual de relatório à Secretaria de Educação informando sobre os casos de violência; elaboração de um plano de emergência que estabelecerá protocolos de identificação, ação e fuga em potenciais situações de risco; treinamento conjunto mensal sobre como proceder em casos de emergência; e simulação surpresa semestral.

A matéria foi aprovada com voto contrário do vereador Marcos Henriques e abstenção de Junio Leandro.

Vão para sanção ou não 

Como gera despesa ao Executivo, sem identificar origem de recurso, os projetos deverão der considerados inconstitucionais. Pelo menos, em parte. A não ser que a prefeitura aceite a sugestão e a própria gestão “adote” a ideia. Basta saber se a prefeitura vai entrar nessa bola dividida, apostando em segurança armada e detectores de metais nas unidades.  Especialistas em Educação, mais respeitados do país, entendem que esse não é o caminho.

Com informações da Ascom/CMJP