OPINIÃO: vão dizer que é perseguição, mas “trama golpista” do bolsonarismo agora tem materialidade

As provas encontradas com Mauro Cid, ex-ajudante de ordem do ex-presidente, sua deleção, as mensagens nos aplicativos de mensagem, deixam claro Bolsonaro carregava o espírito da derrota e ainda no meio do ano já tramava para se manter no poder.

Jair Bolsonaro e Mauro Cid — Foto: Alan dos Santos/Presidência

Os bolsonaristas radicais e apaixonados pelo ex-presidente Bolsonaro vão dizer que é perseguição, que a PF não tem nada de concreto, que os documentos não têm assinatura, que a imprensa brasileira é comunista, que era uma peça aleatória, sem dono, que era só uma intenção, que Bolsonaro não tem nada a ver.

Leitores, é bom lembrar que, nesse caso, intenção, tentar, tramar para um golpe de estado já é o crime. Afinal, se o golpe se efetivasse, não haveria a quem recorrrer. Porque as instituições estariam eliminadas, alguns dos seus representantes estariam presos, como previa um decreto de golpe mexido por Bolsonaro, segundo a PF, que tirou Pacheco (presidente Senado), ministro Gilmar Mendes, mas deixou intenção de prender Alexandre de Morais.

As provas encontradas com Mauro Cid, ex-ajudante de ordem do ex-presidente, sua deleção, as mensagens nos aplicativos de mensagem, os documentos na sede do PL, deixam claro que Bolsonaro carregava o espírito da derrota e, ainda no meio do ano de 2022, já tramava para se manter no poder.

O caminho era desacreditar o sistema eleitoral, fortalecer a ideia de fraude com a estrutura e representantes do Estado Brasileiro, como ministro e embaixadores. Estimular a desconfiança nas pessoas, definir inimigos nas instituições, cooptar e coagir o alto comando das Forças Armadas.

E, ainda, estimular o caos, o descontrole, a baderna, como aconteceu em 8 de janeiro, e, em nome da lei e da ordem convocar os militares para assumir o comando do país.

Deu errado porque não foram competentes. Havia bate-cabeça!

No vídeo da reunião, em julho de 2022, na qual Bolsonaro convoca ministros para distribuir falsas informações sobre fraudes nas eleições, a derrota já estava consagrada e uma solução precisa ser dada com o verniz  de que as quatro linhas estavam sendo respeitadas. O ex-minsitro da Saúde, o paraibano Marcelo Queiroga, estava na reunião.

“Alguém tem dúvida do que vai acontecer no dia 2 de outubro? Qual resultado que vai estar às 22h na televisão? Alguém tem dúvida disso? Aí a gente vai ter que entrar com um recurso no Supremo Tribunal Federal… Vai pra puta que o pariu, porra”, afirmou.

E, ainda: “Nós sabemos que, se a gente reagir depois das eleições, vai ter um caos no Brasil, vai virar uma grande guerrilha, uma fogueira no Brasil. Agora, alguém tem dúvida que a esquerda, como está indo, vai ganhar as eleições? Não adianta eu ter 80% dos votos. Eles vão ganhar as eleições”, disse.

A Operação da PF deflagrada, ontem (08), atinge a cúpula política do ex-presidente, com indícios de provas e elementos que deixam claro que o golpe não estava só na vontade, mas passou a ser documentado, instrumentalizado, e seria colocado em prática se eles não fossem tão ineficientes.

Vamos ser sinceros:  Bolsonaro ( e seu grupo) demonstrou que estava mais preocupado em dar o golpe do que governar, no último ano.

Os articuladores do golpe, segundo a PF, não conseguiram ficar e nem golpear. A questão é que, agora, alguém (ou alguns) precisa ser penalizado por essa tentativa, para lembrar para a qualquer governante, de direita e de esquerda, que tramar contra democracia é crime e que não podemos aceitar esse tipo de movimento.