Em busca de “salvar” votos, Bolsonaro peregrina pelo Nordeste

Na visita à Paraíba, na próxima quinta-feira (21), inaugura o último trecho da obra de transposição do Rio São Francisco no Eixo Norte, em São José de Piranhas.

Inauguração de um trecho da obra de Transposição do Rio São Francisco, em junho de 2020. Foto: Alan Santos /PR
Em busca de "salvar" votos, Bolsonaro peregrina pelo Nordeste
Inauguração de um trecho da obra de Transposição do Rio São Francisco, em junho de 2020. Foto: Alan Santos /PR

Os próximos 10 dias serão de peregrinação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Começa por Minas Gerais, nesta segunda (19), mas em todos os outros dias passará por estados do Nordeste. Com a popularidade ladeira a baixo na região, vai tentar reverter ou salvar alguns votos.

Na agenda da Paraíba, na próxima quinta-feira (21), inaugura o último trecho da obra de transposição do Rio São Francisco no Eixo Norte, em São José de Piranhas. Vem acompanhado do ministro Rogério Marinho. A obra é celebrada por parlamentares e políticos paraibanos, mas há muitas dúvidas sobre quem estará ao lado do presidente neste dia.

Na terça-feira, na Bahia (19), abre licitação de obra hídrica e anuncia edital de concessão de perímetro irrigado. No Ceará (20), anuncia obra e assina ordem de serviço. Em Pernambuco (21), inaugura ramal Agreste. No Rio Grande do Norte (22), libera R$ 10 milhões para barragem, participa de instalação de 60 cisternas e também anuncia edital e licitação de obra hídrica.

No Piauí (25), faz o lançamento de um plano estratégico de bacia hidrográfica e anuncia retomada das obras do projeto de Irrigação Marrecas. No Maranhão (26), lança edital dos estudos para a implantação da integração de Bacias do Piauí/Maranhão e demais estados do Nordeste.

Em Alagoas (27), assina ordem de serviço para construção de cisternas, entrega um subsistema hídrico e anuncia fundo para projetos. Em Sergipe (28), anuncia Novo Marco Hídrico e apresenta projeto no Canal do Xingó.

Será, sem dúvida, uma agenda intensa, com mais “cara” de campanha do que de governo operante, entregando obras depois de 3 anos de gestão.

São muitos “anúncios, aberturas, obras de serviços, projetos” e ações que ainda vão sair do papel. O efeito midiático do momento funcionará. Mas na maior parte das localidades por onde o presidente passar, a população ficará esperando mais.

É que nessas áreas, há problemas imediatos sem solução imediata. E espera-se mais empenho do governo para resolvê-los já. O novo Bolsa Família é uma incógnita, por exemplo, a inflação corrói a renda e subtrai a garantia da alimentação básica. Nessas localidades, como em boa parte do país, a pobreza é maior, os moradores são afetados pelo preço do gás de cozinha, pela alta dos combustíveis, pela vida mais cara.

Em situações normais, com as questões socioeconômicas mais equilibradas, os “anúncios” chegariam como uma dose boa esperança. Mas, com tantas privações, as necessidades imediatas gritam mais alto e é com elas que o presidente e seus ministros precisam se preocupar. No mais, de concreto, teremos apenas falas polêmicas do presidente, em discursos direcionados a vitaminar as paixões de admiradores. Mas o Brasil, de hoje, precisa de muito mais.