POLÍTICA
Senado ainda liberou salário de 'fantasma' depois da denúncia
Uma semana após denunciar o esquema de contratação irregular no Senado, a funcionária ‘fantasma’ do gabinete de Efraim Morais continua recebendo salário.
Publicado em 26/05/2010 às 9:03
Carol Queiroz
Do Jornal da Paraíba
De acordo com documentos do Senado Federal, uma semana após denunciar o esquema de contratação irregular no Senado, a funcionária ‘fantasma’ Kelly Janaína Nascimento da Silva, 28 anos, continua recebendo salário. Na noite da última sexta-feira, data de pagamento dos funcionários, o Senado depositou os mais de R$ 3,8 mil na conta aberta em nome de Kelly, na Caixa Econômica Federal.
Apesar das garantias dadas pelo gabinete do senador Efraim Morais (DEM-PB) de que as servidoras ‘fantasmas’ já tinham sido exoneradas, Kelly e a irmã Kelriany Nascimento da Silva, 32 anos, permanecem no quadro de funcionários da Casa. Mas diferentemente de Kelly, que recebeu o salário na íntegra sem nenhum mecanismo de suspensão, Kelriany teve o benefício proporcional do mês de maio estornado da conta. O valor de R$ 1.418,78 ficou bloqueado durante o fim de semana e liberado apenas ontem, como mostram os extratos bancários da estudante.
Explicação
Segundo a assessoria de Comunicação do Senado, não houve publicação de ato de exoneração e as funcionárias ‘fantasmas’ não podem ser demitidas porque estão em processo de sindicância. Mônica da Conceição Bicalho, a suposta intermediária da contratação das duas irmãs, também permanece no Senado e terá o salário estornado de sua conta. Foi informado também que houve falha na comunicação entre o setor de RH e o banco.
Se tivessem sido exoneradas no dia 18, as funcionárias ‘fantasmas’ poderiam ter recebido acerto de rescisão superior a R$ 10 mil, sem nunca terem trabalhado para o Senado. Só em 2009, a Casa gastou R$ 5.655,00 em auxílio-alimentação para cada uma das comissionadas fantasmas.
O depoimento de Mônica Bicalho, ex-assessora de Efraim, e de sua irmã Kátia Regina será dado amanhã, às 15h, na Delegacia da Polícia do Senado Federal, segundo o diretor da Secretaria de Polícia, Pedro Araújo Carvalho.
Agora, a Polícia do Senado quer saber o que Mônica e sua irmã Kátia, também envolvida na denúncia, têm a dizer sobre a acusação. No momento, os policiais estão analisando a documentação sobre o caso.
Efraim só fala sobre fato após fim da investigação
por Clóvis Gaião, do Jornal da Paraíba
O senador Efraim Morais (DEM) adotou o silêncio quanto à denúncia de que seu gabinete teria contratado duas funcionárias fantasmas no Senado. A assessoria de imprensa do senador informou que Efraim só irá se pronunciar sobre o caso após o término das investigações da Polícia do Senado Federal.
Segundo sua assessoria, o senador pede que as investigações sejam céleres para que o episódio seja esclarecido o mais rápido possível. Já o deputado federal Efraim Filho (DEM) garantiu que o seu pai está tranquilo haja vista que tomou as medidas necessárias com a exoneração da funcionária Mônica Bicalho e das duas irmãs citadas na denúncia, após tomar conhecimento das contratações.
“Efraim Morais não teve qualquer participação nessas contratações. A própria Mônica Bicalho assumiu que ela foi a responsável pelas contratações e as meninas que denunciaram o fato à Polícia revelaram em seus depoimentos à Polícia do Senado que não conheciam e nunca viram o senador Efraim Morais”, completou.
O deputado Efraim Filho preferiu não apontar culpados antes das investigações serem concluídas, pois, segundo ele, o senador Efraim não tem mais o que fazer senão esperar que o inquérito aberto no Senado demonstre os responsáveis pelas contratações das funcionárias. “Confiamos que após isso será declarado a inocência do senador”, resumiu o parlamentar.
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