Senador deixa o DEM e fala em prejulgamento

Isolado e sem apoio da cúpula do DEM, o senador Demóstenes Torres (GO), investigado por suas relações com o empresário do jogo Carlinhos Cachoeira, decidiu ontem deixar o partido. Em carta encaminhada ao comando da sigla, o senador disse que sofreu um "prejulgamento público" pelo DEM, o que o levou a pedir para se afastar dos seus quadros.

Demóstenes negou que tenha cometido "reiterado desvio do programa partidário", argumento usado para abrir ontem seu processo de expulsão. Com o pedido de desfiliação espontânea, o rito de expulsão fica automaticamente suspenso.

Demóstenes é investigado pela Procuradoria-Geral da República por favores a Cachoeira, preso pela Polícia Federal sob acusação de chefiar esquema de jogos ilegais.

Inicialmente, Demóstenes não cogitava a saída voluntária da sigla, com medo de perder o mandato na Justiça Eleitoral por infidelidade partidária. Mudou de ideia para evitar desgastar-se ainda mais com a expulsão.

Como o senador mantém a disposição de não renunciar ao mandato, a discussão sobre a sua permanência poderia continuar a expô-lo por pelo menos mais uma semana.

Ao mesmo tempo, para impedir a perda de mandato por infidelidade, Demóstenes subiu o tom na carta de saída para ter como argumento na Justiça que sofreu "perseguição política" no partido --logo, foi forçado a sair.

O DEM quer a vaga de Demóstenes. "Não há razão para isso, não existe evidência de infidelidade", disse o presidente José Agripino (DEM-RN).