Sérgio da SAC apresenta vídeos mas se contradiz em coletiva

Maurício Melo

Acompanhado de seu advogado Cecílio Ramalho, o vereador Sérgio da SAC (PRP) concedeu uma coletiva de imprensa logo após a abertura dos trabalhos na Câmara Municipal de João Pessoa nesta terça-feira (17). Ele tentou esclarecer os fatos que culminaram na Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) do Ministério Público Eleitoral por denúncia de compra de votos e se disse injustiçado. "Sou o vereador com maior número de denúncias contra mim".

A idéia era apresentar os vídeos que foram entregues anonimamente no Ministério Público e deram início às investigações que ainda estão em andamento. As imagens, supostamente feitas a partir de um aparelho de telefone celular, mostram uma partida de futebol e a posterior entrega de troféus e medalhas. Inclusive uma para o então candidato a vereador. No vídeo apresentado pela defesa, não há mesmo entrega de camisetas ou bolas feita pelo vereador. Mas ele participa da solenidade.

Cecílio Ramalho argumentou que o nome de Sérgio da SAC não aparece em nenhum lugar e que, se fosse o caso de processar alguém, este seria o candidato João Almeida da Saúde, que tinha o nome impresso em um dos times que jogava no vídeo. Ele disse ainda que o vídeo é uma cópia do original que consta no processo contra seu cliente. Segundo o advogado, Sérgio estava presente no evento e foi homenageado recebendo uma medalha e entregando um troféu.

Sérgio disse que sua "área de atuação é o esporte amador de João Pessoa" e que por isso teria sido homenageado. "Já entreguei padrão, troféus e tudo mais, mas antes de ser candidato", revelou completando que o evento em questão foi pago pela Associação Atlética do Valentina e com ajuda de cotas pagas pelos próprios atletas.

Mas a argumentação do advogado acabou sendo contestada pelo próprio vereador que disse não ter entregue troféu naquele evento. O advogado o interrompeu dizendo que não há crime eleitoral em participar de eventos como homenageados. No fim, não ficou claro se o vereador entregou ou não troféus e medalhas naquela noite nem se isso é crime eleitoral ou não.

A defesa do vereador ainda reclamou dos procedimentos da justiça. Segundo ele, as informações sobre seu cliente chegam através da imprensa, "nós somos os últimos a saber". E disse que "Sérgio só se apresentará para qualquer audiência depois que sua defesa estiver plenamente informada do andamento do processo". Outra reclamação de Cecílio é que a denúncia e as notícias sobre compra de votos surgiram imediatamente após a eleição, mas a ação na justiça só nasceu em 18 de dezembro.

A coletiva se baseou na apresentação do vídeo como sendo o único indício contra o vereador na Aije em questão. No entanto, a defesa ignorou o fato de que com o início das investigações, a Polícia Federal passou a ouvir testemunhas e, inclusive, pediu prorrogação do prazo para ouvir mais pessoas. Há, nos autos, testemunhas que comprovam a doação de material desportivo pelo vereador no evento e há quem negue.

Preocupado

Ao ler a notícia sobre a coletiva na Câmara Municipal de João Pessoa e de ter visto seu nome envolvido na situação, João Almeida da Saúde ligou para a Redação e fez questão que fosse informado nesta notícia que ele não era candidato na época em que estas imagens teriam sido feitas.

Atualizada às 16h21 de 18 de fevereiro de 2009