QUAL A BOA?
Antônio Barreto Neto nasceu há 80 anos
Publicado em 04/04/2018 às 5:20 | Atualizado em 22/06/2023 às 13:38
Se estivesse vivo, Antônio Barreto Neto faria 80 anos nesta quarta-feira (04).
Morreu em março de 2000, pouco antes de fazer 62.
Foi um dos grandes jornalistas da Paraíba e nosso melhor crítico de cinema.
Há um mês, venho publicando aqui na coluna textos de Antônio Barreto Neto que estão no livro Cinema por Escrito, que, como organizador, lancei em 2010.
Na apresentação de Cinema por Escrito, escrevi:
Antônio Barreto Neto fez crítica de cinema a partir do início da década de 1960, num momento em que os jornais (não só os da Paraíba) investiam nesse tipo de atividade. O espaço já havia sido ocupado por Linduarte Noronha e Vladimir Carvalho, que logo se notabilizaram realizando filmes. Mas Barreto era o melhor, asseguram os que o leram na época áurea da Associação dos Críticos Cinematográficos da Paraíba, a ACCP. Inclusive os colegas de crítica. Tinha mais estilo, o texto impecável, o domínio da simplicidade sem comprometimento do conteúdo. E era uma grande figura, querido por todos nas redações por onde passou. Gostava de contar histórias quase sempre engraçadas e não tinha o hábito de exibir conhecimentos - um traço da ausência de vaidade. O ato de comentar os filmes era tão natural que jamais transformava aquele exercício diário numa atividade que o tornasse arrogante.
Hoje, retirei das críticas de Barreto um pouco do que ele escreveu sobre grandes cineastas.
É o que se segue:
CHARLES CHAPLIN
Legou-nos um símbolo de humanidade imperecível, que haveremos de ter sempre ao nosso lado, ligado a nós por filamentos de ternura e participando, numa mistura de riso e entalo na garganta, de nossas privadas pantomimas.
FRANK CAPRA
Capra é, além de um grande artista, um grande humanista. Seu profundo sentimento do mundo, sua inabalável fé na bondade do homem, seu otimismo eufórico e bem-humorado são atributos essenciais deste filme apólogo A Felicidade Não se Compra.
INGMAR BERGMAN
Para o angustiado Bergman, a arte não tem mais nenhum poder, nenhuma possibilidade de influenciar a vida. Não é mais uma forma de conhecimento humano. É um universo irreal, abstrato, povoado de fantasmas.
PIER PAOLO PASOLINI
Chamado de demagogo reacionário pela esquerda festiva e de marxista agnóstico pela direita radical, Pasolini é um homem sensível ao fenômeno social e religioso no plano onde não é mais o estudioso que procura uma explicação, mas o artista que se deixa levar fascinado pelo assunto.
MICHELANGELO ANTONIONI
Toda a sua obra tem sido uma profunda meditação sobre o impasse do homem contemporâneo diante daquilo que o cineasta chama de transformação antropológica, ou seja: as mudanças impostas pelo desenvolvimento tecnológico e a impossibilidade de o homem compreendê-las e agir sobre elas.
FEDERICO FELLINI
Como legítimo poeta, Fellini reinventa a realidade ao sabor da fantasia. Seu universo cinematográfico - um mundo estranho e fascinante, situado nas fronteiras entre o real e o mágico - é uma criação mais da imaginação do que da memória.
GLAUBER ROCHA
Seus filmes formam um painel ideológico de intuições agudas e surpreendente senso profético, um universo aparentemente caótico, mas extraordinariamente lúcido, no qual as contradições de nossa convulsionada realidade nacional e continental se acham recriadas na própria estrutura da linguagem.
LUCHINO VISCONTI
Visconti não faz comício, não posa de sociólogo, nem arma polêmicas estéreis. O fato de enfocar os problemas de um ponto de vista marxista, não incompatibiliza, nele, o político com o esteta.
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