QUAL A BOA?
Axé Music é fenômeno que não pode ser tratado com preconceito
Publicado em 01/02/2017 às 6:57 | Atualizado em 22/06/2023 às 13:55
Todo dia
O sol levanta
E a gente canta
Ao sol de todo dia
São os versos iniciais de Canto do Povo de um Lugar. É uma canção pouco conhecida de Caetano Veloso, que agorá dá título ao documentário sobre Axé Music.
Ficou bacana: Axé, Canto do Povo de um Lugar.
Vi o filme pensando no quanto já fui preconceituoso com o fenômeno musical e comercial que transformou o carnaval de Salvador. Lembrei muito do dia em que não dei qualquer importância a uma jovem cantora que estava de passagem pela redação da TV Cabo Branco para uma entrevista.
Era Daniela Mercury. Dias depois, ela cantou no vão do MASP e parou a Avenida Paulista.
O documentário busca as origens do axé, registra seu surgimento, a consolidação, trata do declínio e da necessidade de reinvenção.
Tem ótimas imagens de arquivo porque é um fenômeno recente (30 anos), todo acompanhado pela televisão. Tem depoimentos preciosos e muita música.
O filme vai se desenvolvendo, e o espectador vai constatando: isso não era tão ruim quanto me parecia na época!
Ou, em outros momentos: isso era muito bom, e eu ignorei solenemente!
Ou, ainda: não há como ignorar a força dessas manifestações!
Sim! Com virtudes e defeitos, com gente que veio e não conseguiu ficar, e com artistas talentosíssimos, o axé congrega, sob esse rótulo, expressões muito distintas da música popular que a Bahia produziu nas últimas três décadas. Além de ser um capítulo da história do carnaval brasileiro que não pode deixar de ser reconhecido.
A Axé Music passa por manifestações culturais e artísticas genuínas de um povo. Surge delas e depois percorre os caminhos inevitáveis de um grande negócio que envolve a indústria da música, os veículos de comunicação e a promoção de grandes e rentáveis festas populares.
O documentário Canto do Povo de um Lugar trata disso. É honesto, bem realizado e (porque guiado pela música) contagiante.
Comentários