QUAL A BOA?
Bacurau é mais cinema do que Coringa!
Publicado em 24/10/2019 às 7:51 | Atualizado em 22/06/2023 às 12:57
Nesta quinta-feira (24), tem sessão dupla de Bacurau no Cine Banguê, do Espaço Cultural.
Uma às quatro da tarde, outra às sete da noite.
O bom é que, depois da sessão noturna, haverá um debate com o elenco paraibano do filme.
O mediador será o crítico de cinema João Batista de Brito.
No Cinepólis Manaíra, o filme de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles foi exibido até ontem, depois de passar oito semanas em cartaz.
Se o debate é político, não não tenho dúvidas, Bacurau tem muito mais a nos dizer do que Coringa.
Vou além: Bacurau é mais cinema do que Coringa.
Bacurau é uma experiência impactante.
Se há algo que me impressiona imensamente em Kleber é o domínio absoluto que ele tem do seu ofício. O cineasta está no grupo dos que migraram com êxito da crítica para a direção. Antes de qualquer coisa, aos cinéfilos, Kleber proporciona um grande prazer estético.
Bacurau é filme realizado por quem pensa o cinema. A habilíssima manipulação dos gêneros, a construção de climas, a tensão permanente, o uso de trilhas preexistentes, o diálogo com o passado (do cinema) e a rara capacidade de atualizá-lo - tudo junto e misturado para levar o espectador à catarse final.
Pensei em filmes do Cinema Novo que permanecem assustadoramente atuais. As vozes de Gal, Sérgio Ricardo e Vandré - mas não só elas - falam sobre o cinema do Brasil dos anos 1960 (Brasil Ano 2000, Deus e o Diabo, Augusto Matraga) e conectam passado, presente e futuro.
O filme de Kleber e Juliano se passa num futuro próximo e conversa com a gente sobre o presente. Essa conversa é direta. Esse lugarejo chamado Bacurau sintetiza no micro o que vemos no macro.
Bacurau é um significativo acontecimento político.
Mas é também um acontecimento estético.
É o que permitirá que atravesse o tempo como grande cinema.
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