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QUAL A BOA?

O BEBÊ DE ROSEMARY

Publicado em 06/03/2018 às 6:11 | Atualizado em 22/06/2023 às 13:40

Por Antônio Barreto Neto

A melhor qualidade de O Bebê de Rosemary não é a irreverência ou o sarcasmo: é a ambiguidade. A história, extraída do best-seller de Ira Levin, vive dos mesmos ingredientes que alimentam todos os filmes de terror que tenham como tema a bruxaria. Mas a maneira ambígua como Roman Polanski narra essa história, levantando uma série de dúvidas para as quais não dá nenhuma explicação, é que torna o filme diferente da maioria das produções do gênero.

Os terrores de Rosemary (Mia Farrow) não seriam pura alucinação da personagem? Essa dúvida, ao nível da realidade dramática do filme, ainda não é a mais importante. A alucinação de Rosemary não seria uma sátira de Polanski à formação católica da personagem, cuja fé não lhe permite acreditar em bruxarias, ainda mais numa cidade do grau de desenvolvimento e civilização de Nova York? Todo o filme, por outro lado, não seria uma paródia feroz e debochada do nascimento do menino Jesus? Uma espécie de maculada conceição?

Essas dúvidas, que se alimentam e se entrecruzam entre si, não se esclarecem nem no final, quando Rosemary contempla seu bebê num berço de rendas negras, adorado pela seita, e chega a resistir ao horror de ser sua mãe, embalando o recém-nascido (o anticristo) com uma canção de ninar. Nesse caso, estaria Polanski elogiando o amor materno? Ou criticando a maternidade cega?

O que importa, porém, não são explicações. Afinal, não estamos diante de nenhum filme de terror da Hammer, onde o cientista-detetive tem que descobrir o esconderijo do vampiro para cravar-lhe uma estaca no peito. Importa o gênio diabólico de Polanski, que transformou cada linha do livro de Ira Levin numa imagem cinematográfica de grande força emotiva, carregando de alusões misteriosas cada atitude, cada gesto, cada olhar, que passam a significar, dentro do pesadelo em que vive a atormentada Rosemary, uma ameaça nova, uma inquietação a mais. (07/05/1972)

A publicação do texto faz parte de uma série em homenagem ao crítico paraibano Antônio Barreto Neto, que, se estivesse vivo, faria 80 anos no dia quatro de abril.

Imagem

Silvio Osias

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