QUAL A BOA?
O Processo, sobre Dilma, tem algo de Muda Brasil, sobre Tancredo?
Publicado em 17/05/2018 às 8:26 | Atualizado em 22/06/2023 às 13:12
O Processo, o documentário sobre a queda da presidente Dilma Rousseff, estreia nesta quinta-feira (17).
Em João Pessoa, será exibido no Cine Banguê, do Espaço Cultural.
Em 1984, depois da derrota da emenda que restabeleceria as eleições diretas para presidente, a oposição (o PT ficou de fora) teve em Tancredo Neves a alternativa para, através do voto indireto no colégio eleitoral, pôr fim ao ciclo militar iniciado em 1964 com a deposição de João Goulart.
A história da eleição de Tancredo virou filme. Muda Brasil, dirigido por Oswaldo Caldeira. Um documentário feito para chegar aos cinemas em março de 1985, coincidindo com a posse do primeiro presidente civil desde 1964.
Os bastidores da campanha, os grandes comícios, a eleição, a festa do povo em frente ao Congresso. Era um filme partidário, tancredista, oficial. Acabou sendo exibido depois da morte de Tancredo, ao longo do ano de 1985.
Lembrei muito de Muda Brasil desde que vi a cineasta Maria Augusta Ramos documentando a queda de Dilma, dois anos atrás em Brasília. Primeiro, porque fazia um filme abertamente partidário, e ninguém escondia isso. Segundo, porque tinha a urgência que havia no documentário sobre Tancredo Neves.
Essas características diminuem os méritos de um filme? A resposta é não! Na história desse gênero notável, há grandes documentários feitos sem qualquer isenção, por encomenda mesmo! Verdadeiras peças de propaganda política, mas produtos excepcionais como cinema!
Li alguns textos muito positivos sobre O Processo. Mas eram partidários. Aí, prefiro os mais distanciados. De todo modo, chamavam atenção para a ausência de narração em off e o ritmo da montagem como méritos do filme de Maria Augusta Ramos.
Vamos conferir.
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