QUAL A BOA?
Terra em Transe é nosso maior filme político. Quem quer vê-lo?
Publicado em 25/05/2017 às 6:55 | Atualizado em 22/06/2023 às 13:55
Isto é o povo! Um imbecil! Um analfabeto! Um despolitizado!
A fala do personagem de Jardel Filho ecoa há 50 anos!
Para mim, o nosso maior e mais instigante filme político é o agora cinquentenário Terra em Transe.
O Brasil continua muito parecido com o Eldorado de Glauber Rocha.
Unidos em Glauber, o gênio do construtor e o mito do demolidor gestaram um filme que fala das nossas questões cruciais. Falava em 1967. Continua falando agora, meio século depois.
Esquerda, direita, populismo, messianismo, o papel dos intelectuais, o povo, a desigualdade, o autoritarismo, o nosso destino enquanto Nação. O que quisermos mais.
Terra em Transe, se tudo isso fosse pouco, ainda é absolutamente devastador como delírio estético. Não é à toa que tem a admiração de Martin Scorsese.
O problema é que, para muitos, o filme de Glauber Rocha é tosco. Hermético. Incompreensível.
Quase ninguém quer enfrentá-lo.
Mas o problema pode ser o empobrecimento intelectual das nossas plateias. A ausência de uma crítica como a que se tinha na época em que o filme foi lançado. A falta de um ambiente propício a esse tipo de cinema.
Vejam o trailer.
Em 2001, tentei reunir amigos para uma sessão caseira de 2001: Uma Odisseia no Espaço. Achei que seria o máximo ver o filme de Stanley Kubrick em pleno ano de 2001. Um deles me disse assim: não passaremos da sequência dos macacos. Ninguém topou.
Que tal, então, vermos Terra em Transe agora, com o Brasil mergulhado num dos seus grandes impasses políticos?
Acho difícil que alguém queira nesses tempos de tanta superficialidade!
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