QUAL A BOA?
Vladimir faz filme comunista em tempo de anticomunismo
Publicado em 04/12/2019 às 8:00 | Atualizado em 22/06/2023 às 12:56
O pai de Vladimir Carvalho era militante comunista na pequena Itabaiana da segunda metade dos anos 1930.
O cineasta paraibano - exímio documentarista - dedicou muito da sua vida à militância no Partidão.
Seu novo filme, Giocondo Dias - Ilustre Clandestino, é um tributo aos comunistas brasileiros.
Vladimir vai fazer 85 anos. Seu cinema documental vem de longe. Está fortemente marcado pelos filmes que viu na juventude e também por sua formação humanista.
Em Giocondo Dias, resgata uma figura fundamental da história do comunismo no Brasil. Fundamental, mas ofuscada quase sempre pela liderança de Prestes.
Vladimir oferece um perfil do militante que passou boa parte da vida atuando na clandestinidade. O filme é uma reconstrução da trajetória e da figura de Giocondo através de depoimentos de quem conviveu com ele.
As falas são longas. Talvez excessivamente longas para o espectador de hoje. Mas, editadas com maestria pelo cineasta, dão ao filme uma narrativa fluente e compensam a ausência de mais imagens de arquivo.
Ilustre Clandestino é um filme que toma partido. Vladimir faz mais do que contar a história de Giocondo Dias. Ele exalta Giocondo e sua militância.
O que temos é um filme comunista sobre um líder comunista, feito por um comunista num momento em que testemunhamos um irracional e anacrônico anticomunismo.
Tratando do passado, o documentário é admirável peça de resistência no presente.
Vladimir Carvalho tinha que fazer esse filme. Ao realizá-lo, ele paga algumas dívidas. E o faz com extraordinária dignidade.
Em João Pessoa, o lançamento foi numa sessão que reuniu velhos comunistas e nos trouxe um Vladimir emocionado na fala que antecedeu a exibição.
Giocondo Dias - Ilustre Clandestino termina com uma justíssima dedicatória ao pai do cineasta.
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