Zé Mojica/Zé do Caixão era um lixo que passou a ser cultuado

Zé Mojica/Zé do Caixão era um lixo que passou a ser cultuado

O cineasta José Mojica Marins, o criador de Zé do Caixão, morreu nesta quarta-feira (19) em São Paulo.

Aos 83 anos, estava hospitalizado com uma broncopneumonia.

Com problemas renais e a memória comprometida por uma demência senil, tinha a saúde bastante deteriorada desde um enfarte sofrido em 2014 .

O primeiro filme de Mojica que vi foi O Estranho Mundo de Zé do Caixão. Mas nenhum dos seus filmes é tão festejado quanto À Meia-Noite Levarei sua Alma, de 1964.

Claro, há O Despertar da Besta, que foi interditado pela Censura e, mais tarde, deixou muita gente impactada.

Como comecei a ver Mojica muito cedo, alcancei o tempo em que ele não era respeitado. Era tratado como verdadeiro lixo. E, anos depois, testemunhei o instante em que passou a ser cultuado dentro e fora do Brasil.

José Mojica Marins, o criador, e Zé do Caixão, a criatura, muitas vezes pareciam uma só pessoa.

Zé Mojica e Zé do Caixão eram, na verdade, um grande personagem.

Mojica, com seus filmes toscos, morre com o status de mestre do cinema brasileiro de terror. Criou um estilo, criou um tipo original, tinha uma assinatura marcante.

Anos atrás, estive com ele nos bastidores de uma entrevista, na TV Cabo Branco.

Fui conquistado por sua simplicidade e por uma conversa pra lá de agradável.