Em 21 de março de 2020, o governo da Paraíba decretava estado de calamidade pública devido à Covid-19, em meio a hospitais lotados e incertezas globais.
Cinco anos depois, a doença, que já paralisou o estado, hoje circula com menor impacto e, mesmo com a doença ainda presente, o cenário é outro: a Paraíba registra menos internações, o número de mortes caiu e a rotina retomou a normalidade.
O Jornal da Paraíba conversou com o infectologista Fernando Chagas, que atuou na linha de frente durante a pandemia, para entender as transformações.
Por que a Covid-19 não assusta como antes

A resposta está na vacinação em massa e na evolução científica, segundo Chagas. “A maior parte da população está vacinada, o que diminui as chances de evolução para a forma grave", afirma.
Mais de 3,7 milhões de paraibanos receberam pelo menos uma dose da vacina, segundo a Secretaria do Saúde do Estado (SES-PB). A proteção, porém, varia: idosos e imunossuprimidos precisam de doses atualizadas, enquanto adultos saudáveis mantém imunidade por mais tempo.
Apesar dos avanços, Chagas alerta:
"Isso não significa que as pessoas deixaram de morrer de Covid. A doença infecciosa ainda está entre as que mais matam no Brasil e no mundo".
Dos óbitos registrados, desde o início da pandemia até 19 de março de 2025, 4.248 vítimas tinham cardiopatia, 3.422 diabetes e 3.101 hipertensão — muitas com mais de uma comorbidade.
O médico explica que a agilidade no diagnóstico também foi crucial. “No início da pandemia, quando nós pedíamos um PCR, que é um teste de antígeno, essa amostra era mandada para o Pará e demorava em média de duas a três semanas para sair o resultado. Hoje, nós fazemos essa mesma análise nos nossos hospitais aqui do estado e temos o resultado em duas horas. E não só para Covid: essa mesma tecnologia hoje nós utilizamos também para outras doenças”.
Quem ainda precisa se preocupar

Segundo Chagas, os riscos persistem para grupos específicos. “As pessoas que estão morrendo por Covid hoje são idosos com o corpo muito frágil, pessoas com doenças de base descontroladas ou não vacinadas. Por exemplo, se ela tiver uma insuficiência cardíaca, a Covid mesmo leve pode desestruturar o coração e a pessoa morrer por problemas cardíacos, não por insuficiência pulmonar”.
Ele reforça a importância da vacinação atualizada: “Todas as pessoas acima de 65 anos, crianças abaixo de 4 anos e pessoas com imunossupressão têm que ter o quadro vacinal completo. Inclusive com as vacinas mais atualizadas”.
Como agir ao ter sintomas gripais hoje

O médico defende uma mudança cultural na prevenção. “Na prática, a gente não trata a gripe comum como deveria. O ideal era qualquer sintoma gripal, de um resfriado à Covid-19, a pessoa usar máscara. Se precisar sair, evitar aglomerações, não apertar a mão de outros e não compartilhar objetos. Em você pode ser leve, mas se chegar em um idoso ou em alguém em quimioterapia, pode desestruturar essas pessoas e infelizmente levá-las à morte”.
Cinco anos após o decreto que paralisou o estado, a Paraíba convive com a Covid-19 em um novo normal: menos temida, mas ainda presente.
A recomendação é clara: vigilância, vacinação e solidariedade seguem sendo as melhores respostas.
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