Homem injeta óleo mineral para ganhar músculos, sofre com reações e busca cirurgia

Corpo rejeitou material e houve formação de nódulos. Cirurgião plástico alerta sobre riscos.

Foto: Henrique Ferreira/Arquivo pessoal

O vendedor Henrique Ferreira, de 39 anos, morador de João Pessoa, fez um procedimento buscando melhorar a autoestima há 15 anos: injetou óleo mineral para ganhar músculos nas pernas (panturrilha e coxa) e tórax. Contudo, ele não esperava que sofreria com reações negativas e que, em 2022, estaria lutando por uma cirurgia de correção.

Henrique conta que o procedimento foi feito por um amigo que ele conheceu na academia onde se exercitava. O propósito era ficar com uma aparência musculosa. “Fiz quando era mais jovem, com consentimento e por um amigo da academia”.

Pouco tempo depois, o vendedor percebeu que o seu corpo estava rejeitando o óleo e as áreas onde o óleo foi aplicado ficaram inchadas, especialmente o tórax. Além disso, ele sofre com dores e vermelhidão na pele. Desde então, vem tentando conseguir uma cirurgia de correção e entrou em uma situação ainda mais delicada com relação à autoestima.

“Não uso mais camiseta, não fico sem camisa em nenhum lugar, autoestima muito baixa”.

O cirurgião plástico Marcelo Aquino explica que injetar óleo mineral no corpo para ganhar músculos, além de trazer riscos para a saúde, não produz aumento real de massa, pois o crescimento é fruto de uma inflamação.

“O que acontece é que quando você injeta essas substâncias oleosas no músculo, acontece um processo inflamatório muito grande e isso gera um aumento de volume. Muitas vezes, tem uma lesão muscular muito grande e formação de abcessos”.

henrique ferreira injetou óleo mineral no corpo
Foto: Henrique Ferreira/ Arquivo pessoal

Henrique Ferreira conseguiu um médico para fazer a sua cirurgia de correção em São Paulo. Ele fez uma campanha online e arrecadou o dinheiro do procedimento, porém ainda precisa dos custos de se manter na capital paulista no período antes da cirurgia, para avaliações e exames, e no pós-operatório.

Agora, ele adverte outras pessoas a não realizarem esse tipo de procedimento.

“Não aconselho a ninguém a fazer isso, principalmente não realizado com profissionais capacitados, com materiais que de fato sejam para esse fim. Eu poderia ter morrido ou ficado com sequelas piores”, desabafou.

Injeção de óleo mineral em outras partes do corpo

O cirurgião Marcelo Aquino também alerta sobre a injeção de óleo mineral ou silicone líquido em outras partes do corpo, especialmente nos glúteos. O médico diz que há o risco, inclusive, de evoluir para a síndrome de fournier, que é um tipo de infecção em que ocorre necrose dos tecidos. “Outra prática muito comum são pessoas que injetam clandestinamente silicone líquido ou óleo mineral no glúteo para ganhar volume. Podem evoluir com grandes abscessos e, nessa região, pode surgir doença chamada síndrome de furnier que evolui com grandes perdas musculares, grandes perdas de tecido, às vezes amputação, é uma atitude extremamente perigosa”.

O profissional ressalta que o uso desses materiais não deve ser utilizado para procedimentos estéticos nem por médicos. “Não deve ser feito por ninguém. Nem por médico, nem enfermeiro, por ninguém. Existem as substâncias apropriadas para cada tipo de região e para cada finalidade”.