Casos de Chikungunya explodem na Paraíba

Casos de Chikungunya explodem na Paraíba. Houve aumento importante em relação ao mesmo período do ano passado e dores articulares tem feito as pessoas procurarem os serviços de saúde.

Aedes aegypti — Foto: Getty Images/BBC
Aedes aegypti — Foto: Getty Images/BBC

O alerta já foi dado: o boletim da Secretaria da Saúde do Estado da Paraíba de julho revelou que o número de casos de arboviroses estourou. Quase sete mil casos notificados desde janeiro. Só neste mês de julho, foram 2.300 novos casos prováveis de dengue, 1.700 de chikungunya e 100% de acréscimo nos casos de zika,  em relação ao boletim anterior. Isso representa um aumento em relação a julho do ano passado de 301% em relação à Chikungunya, 53% dos casos de dengue e zika mais de 200%.

Parece que as pessoas cuidaram tanto de se proteger do coronavirus e esqueceram do mosquitinho que faz estragos. Os arbovírus são vírus transmitidos pela picada de alguns mosquitos, como é o caso do Aedes aegypti.

A Chikungunya ganha destaque não são pelo aumento exponencial no número de casos, mas pela sintomatologia exuberante. Os casos de Chikungunya explodem na Paraíba e a procura pelos serviços de saúde aumenta por conta de dores, febre. Há muitos pacientes que inclusive confundem sintomas com a COVID-19. 

Essa doença tem vários sintomas como febre e dores articulares que podem persistir por meses, até anos. A reumatologista Alessandra Braz, professora da UFPB, explica alguns diferenças entre as fases da doença e como tratar.

 

Quais são os sinais e sintomas?

  • Febre.
  • Dores intensas nas juntas, em geral bilaterais (joelho esquerdo e direito, pulso direito e esquerdo, etc).
  • Pele e olhos avermelhados.
  • Dores pelo corpo.
  • Dor de cabeça.
  • Náuseas e vômitos.

Após a picada do mosquito, em quantos dias ocorre o início dos sintomas?

Os sintomas iniciam entre dois e doze dias após a picada do mosquito. O mosquito adquire o vírus  ao picar uma pessoa infectada, durante o período em que o vírus está presente no organismo infectado. Cerca de 30% dos casos não apresentam sintomas.

Transmissão

A transmissão do vírus chikungunya é feita através da picada de insetos-vetores do gênero Aedes, que em cidades é principalmente pelo Aedes aegypti e em ambientes rurais ou selvagens pode ser por Aedes albopictus. Embora a transmissão direta entre humanos não esteja demonstrada, há de se considerar a possibilidade da transmissão in utero da mãe para o feto. O período de incubação do vírus é de 4 a 7 dias, e a doença, na maioria dos casos, é auto-limitante. A mortalidade em menores de um ano é de 0,4%, podendo ser mais elevada em indivíduos com patologias associadas.

Quais exames confirmam o diagnóstico de chikungunya?

Portanto, assim como outras viroses, a detecção por PCR indica a presença do vírus, diagnosticando o paciente como portador do vírus da Chikungunya. Já a sorologia IgG e IgM, caso reagente, indica a presença de anticorpos contra o vírus Chikungunya ou CHIKV, diagnosticando que o paciente foi ou está infectado pelo vírus.

Ambos os exames são realizados por meio de uma coleta de sangue sem necessidade de qualquer preparo prévio ou jejum. Assim como na Dengue, se espere pelo menos até o quinto dia do início dos sintomas para realizar a sorologia, já que ela depende da presença de anticorpos contra o vírus. Já no caso do PCR, a recomendação é que seja coletado nos primeiro dias após início dos sintomas, pois a positividade deste exame cai após a primeira semana de doença.

Existem grupos de maior risco?

Crianças recém-nascidas e idosos são considerados grupos de risco. Além do mais, a doença pode levar à descompensação de outras comorbidades, por isso, portadores de diabetes, doenças renais e cardiovasculares merecem atenção especial.

Como é feito o tratamento?

O tratamento da chikungunya é feito com sintomáticos, com o uso de analgésicos, antitermicos e antinflamatórios para aliviar febre e dores. Portanto, em casos de sequelas mais graves, e sob avaliação medica conforme cada caso.

As seguintes medidas são importantes para evitar agravamento da chikungunya:

  • Não utilizar Anti-inflamatório na fase aguada, pelo risco de complicações associados as formas graves de chikungunya (hemorragia e insuficiência renal).
  • Não usar corticoide na fase de aguda da viremia, devido ao risco de complicações.
  • O ácido acetil salicílico (AAS) não deve ser usado devido ao risco de hemorragia.