Rastro no céu confunde moradores em Campina Grande; entenda fenômeno

Telespectadora gravou vídeo no bairro de Bodocongó e achou que era um objeto “pegando fogo e caindo”. Fenômeno é rastro de condensação causado pelo choque térmico entre atmosfera e motor do avião.

Um rastro luminoso no céu chamou a atenção de uma moradora de Campina Grande, no final da tarde da quinta-feira (20). Ela estava em um hospital no bairro de Bodocongó quando filmou o objeto, que estranhou por parecer estar “pegando fogo e caindo”. Veja no vídeo abaixo.

O vídeo foi filmado por volta das 17h20. “Eu estava com a sogra do meu irmão, que faz radioterapia no hospital, e normalmente a gente espera a sessão lá dentro, mas hoje a gente estava esperando lá fora e de repente avistou esse objeto. Dava para perceber que estava pegando fogo e caindo e a gente ficou bem assustada sem saber o que era. Chamamos algumas pessoas para ver, mas não demorou muito para sumir do nosso campo de visão”, disse Valesca Florentino, que filmou o objeto.

Apesar de parecer um objeto caindo, o físico e doutor em engenharia mecânica Allysson Macário explica que na verdade se trata de uma coisa muito comum: um avião. As nuvens lineares que aparecem no vídeo se trata de um rastro de condensação formado pelo calor da exaustão dos motores do avião ao se chocar com as gotas de água resfriadas na atmosfera.

“É uma combinação de temperatura atmosférica com os gases emitidos pelos motores, sendo apenas um fenômeno de condensação, fisicamente falando. É um evento que acontece corriqueiramente em regiões mais frias e, por isso, quando acontece por aqui, causa espanto na população”, disse Allysson, que também é coordenador do Núcleo de Ensino e Pesquisa em Astronomia (NEPA) do Instituto Federal da Paraíba (IFPB).

O pesquisador explica ainda qual a diferença entre este rastro de condensação e queda de um meteoro ou meteorito. Segundo Allysson, o objeto aparece no vídeo por muito tempo, o que seria impossível de ser registrado em caso de um fenômeno astronômico.

“Não existe nenhuma queima de meteorito que demore tanto, normalmente dura poucos segundos, então tecnicamente nada que demore tanto assim em um vídeo pode ser um meteoro ou algo assim”, diz.

Em relação à aparente “queda” do objeto, o coordenador do NEPA diz que na verdade o que acontece é o contrário, o avião estava subindo, e a impressão de queda é apenas um efeito de perspectiva do ponto de vista da observadora filmando, devido à curvatura da Terra.

“É outra questão de conceitos básicos da física. Foi um efeito de perspectiva, o avião não estava caindo, pelo contrário, ele estava aumentando sua altitude”, completou.