Eu tomo uma Coca-Cola
Ela pensa em casamento
E uma canção me consola
Eu vou
Durante 50 anos, soubemos que em Alegria, Alegria, de Caetano Veloso, a marca Coca-Cola foi usada pela primeira vez na música popular brasileira.
O próprio Caetano achava que sim.
A canção foi a terceira colocada no histórico festival de MPB de 1967, projetou nacionalmente o seu autor e, junto com Domingo no Parque (de Gilberto Gil), deu início ao movimento tropicalista.
Agora, na edição de vigésimo aniversário de Verdade Tropical, seu livro de memórias, Caetano reescreve a história.
Em texto inédito, escrito para a nova edição, ele encontra a Coca-Cola numa música anterior à sua, Siri Jogando Bola, da dupla Luiz Gonzaga e Zé Dantas.
Diz a letra:
Vi um jumento
Beber vinte Coca-Cola
Ficar cheio que nem bola
E dar um arroto de lascar
O texto Carmen Miranda não sabia sambar começa assim:
Pra começar, a Coca-Cola de Alegria, Alegria não foi a primeira da música popular brasileira: O nome do refrigerante já aparecia numa das estrofes nonsense de Siri Jogando Bola, da dupla Luiz Gonzaga e Zé Dantas. Na verdade, considerando que o jumento desse galope tomava vinte Coca-Colas, a de Alegria Alegria seria, na melhor das hipóteses (isto é, se não tiver havido outra menção à Coca em alguma canção brasileira anterior à de Dantas-Gonzaga), a vigésima primeira.
Durante meio século, fomos todos traídos por nossas memórias porque conhecíamos a música de Luiz Gonzaga e Zé Dantas e, mesmo assim, não atentávamos para a presença da Coca-Cola em sua letra.