POLÍTICA
Após prisões de amigos de Temer, Marun diz que existe 'complô' contra o presidente
Para ministro, conspiração tem objetivo de minar a possível candidatura de Temer.
Publicado em 30/03/2018 às 8:19
O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, disse na quinta-feira (29) acreditar que existe um complô contra o presidente Michel Temer. Ao comentar a prisão de amigos do presidente, Marun relacionou o fato à possibilidade de Temer tentar a reeleição. Foram presos temporariamente na Operação Skala, deflagrada pela Polícia Federal (PF), José Yunes, ex-assessor do presidente, e Wagner Rossi, ex-ministro da Agricultura, entre outros.
“Entendemos que a decisão do presidente de colocar a possibilidade de vir a disputar a reeleição faz com que novamente se dirijam contra nós os canhões da conspiração. […]. Eu, sinceramente, entendo que isso faz parte de um enredo, de um complô. […]. Eu não acredito em coincidências. Sempre que o Brasil dá uma reagida, surgem flechas envenenadas dirigidas ao presidente Temer”, disse o ministro, em entrevista no Palácio do Planalto.
Marun citou a denúncia de corrupção contra o presidente, em maio do ano passado, quando o governo articulava na Câmara dos Deputados a aprovação da reforma da Previdência. A reforma acabou parando enquanto Temer e a base aliada concentraram esforços na derrubada da denúncia, que foi rejeitada. O governo perdeu força e a reforma da Previdência não foi votada.
As prisões de hoje foram feitas no âmbito de investigações sobre um suposto favorecimento a empresas do setor portuário, em especial a Rodrimar, na edição do Decreto dos Portos. Perguntado sobre quem articularia esse “complô”, o ministro evitou dizer nomes, mas falou em “ódio” que faz com que “operadores do direito e da Justiça se sintam à vontade para atuar como se neste país Constituição Federal não existisse”.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), os mandados de prisão temporária e de busca foram cumpridos pela PF a pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge. A Operação Skala foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, relator do chamado Inquérito dos Portos.
Marun disse que, com a medida, Barroso extrapolou seu poder, mas não fez críticas à procuradora. “Não vejo alguém de dentro do gabinete da procuradora Rraquel recebendo dinheiro para orientar gravações ou qualquer coisa nesse sentido”. O ministro Marun já havia criticado Barroso quando este determinou a quebra do sigilo bancário do presidente Temer, também no Inquérito dos Portos.
O ministro admitiu que as prisões de hoje “constrangem” o governo, que, no entanto, tem capacidade de superar os problemas. “A capacidade de um governo não se encontra na inexistência de problemas, e sim na capacidade de superá-los. Já superamos muito e temos capacidade de superar mais este.”
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