VIDA URBANA
Mesmo abaixo da média do NE, trotes preocupam Samu da Paraíba
Samu calcula que 28% das chamadas recebidas são trotes. Quem precisa de atendimento demora para convencer operadores, o que aumenta risco de mortes.
Publicado em 07/02/2009 às 8:05
Maurício Melo
No Nordeste, a cada duas chamadas no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), uma é falsa. Este índice é uma média do que acontece nos Estados desta região. No caso da Paraíba, no ano passado cerca de 28% dos chamados eram trotes e de 1º de janeiro para cá, já temos o índice de 27%. Menor que a média na região, mas ainda muito alta, considerando que se trata de um serviço de emergência.
Em 2008, 29.717 pessoas ligaram para o Samu que atende a Grande João Pessoa e geraram um registro que mobilizou médicos e enfermeiros numa ação que não existia. Por conta disso, além do óbvio prejuízo que causa e do possível não atendimento de uma emergência real, quem precisa realmente do atendimento leva muito mais tempo para convencer os operadores do 192, o que acaba retardando o atendimento e aumentando o risco de morte das vítimas.
Na região metropolitana de Recife, em Pernambuco, os números são bem piores. No ano passado, cerca de 60% das chamadas foram trotes, ou seja, acima da média de trotes no Nordeste. Assim, mais gente liga para passar trote do que para pedir atendimento real na Capital pernambucana. Lá, o Samu recebeu, em 2008, 277.339 ligações, mas só 91.078 foram ocorrências verdadeiras. E o pior: este ano este índice já cresceu: de 1º de janeiro até hoje, o índice de trotes já é de 72%.
Já em Natal, no Rio Grande do Norte, o número de trotes é menor, mas ainda preocupa a coordenação do Samu. "Fizemos um trabalho de informação e conscientização nas escolas e instituições de saúde, mas acreditamos que o número de trotes ainda pode diminuir", contou o André Pinto, coordenador do Samu em Natal. Segundo ele, na região metropolitana da Capital norte riograndense, 14% das cerca de 300 chamadas por dia são trotes.
O doutor André Pinto disse ainda que um sistema de identificação de chamadas foi instalado e cadastra os números telefônicos que originam os trotes. "Quando um destes números liga para nossos operadores já gera um alerta em nosso sistema. Muitas trotes vêm sempre dos mesmos telefones", explicou.
No Brasil
A Rede Nacional Samu tem 130 serviços de atendimento móvel às urgências, atendendo, com isso, 1.066 Municípios brasileiros, num total de 97,9 milhões de pessoas. Um levantamento do Ministério da Saúde mostra mostra que no Nordeste metade dos chamados são trotes e nas regiões Sul e Centro-Oeste o problema é só um pouco menor. No Sudeste, o índice é de um trote a cada três telefonemas. E é na região Norte que os trotes incomodam menos: eles são um em cada dez telefonemas para o Samu.
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