ECONOMIA
Paraibano paga até 40% a mais por lanches
Alta de insumos impulsionou reajuste no custo dos lanches.
Publicado em 16/01/2014 às 6:00 | Atualizado em 26/05/2023 às 17:32
O custo do lanche registrou alta de 12,28% no ano passado, liderando o reajuste do grupo de alimentos consumidos fora do lar, que em 2013 subiu, em média, 10,07%, exercendo forte pressão na inflação. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Nas lanchonetes de João Pessoa, o reajuste nos preços de alguns itens de seu cardápio já atingiu até 40%. Os empresários do segmentos de lanchonetes justificam a alteração na expansão dos valores de insumos como hortaliças, frutas, derivados do leite, trigo e tomate.
O reajuste observado no lanche, tão procurado pelos consumidores que preferem uma refeição mais rápida, chega a ser o dobro da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do período, que foi de 5,91%.
A empresária Edinalva Gurjão Melo, que tem uma lanchonete no Shopping Tambiá, disse que foi obrigada a aumentar alguns itens de seu cardápio em média 40%. O motivo foi a alta de alguns insumos como tomate, alface, pão de hamburguer, queijo e frutas. Algumas matérias-primas para a elaboração do sanduíche chegou a faltar no mercado.
“O preço do pé da alface saltou de R$ 0,70 para R$ 4,00 e chegou um momento em que não tinha mais o produto no mercado, e eu tinha que explicar isso para meus clientes”, frisou.
O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes na Paraíba (Abrasel-PB), Marcos Mozzini, lembrou que os índices de reajuste na alimentação fora do lar, inclusive do segmento de lanchonetes, foram menores do que a inflação dos alimentos registrada no ano passado(14%).
Mesmo com a alta, Mozzini disse que a alimentação fora dos domicílios ainda é bastante procurada na Paraíba e no período de alta estação, como janeiro, espera-se uma expansão de 20% na procura. “O empresário do setor é consciente na questão de remarcação de preço. Ele trabalha reajustando estritamente o necessário, porque se ele for repassar tudo para o consumidor acaba fechando as portas”, disse.
Na capital paraibana, muitos empresários do ramo seguraram o reajuste por causa da concorrência. Este foi o caso de Daniel Morais, proprietário de uma lanchonete situada na avenida Dom Pedro I, em João Pessoa.
Ele disse que percebeu a inflação no setor o ano passado, mas destacou que até agora conseguiu manter o preço dos produtos vendidos em seu estabelecimento, reduzindo a margem de lucro. “Percebemos aumento em itens como a farinha de trigo, óleo, queijo e tomate”, disse.
Outro proprietário de uma lanchonete localizada na mesma avenida, André Luís Guimarães Santana, afirmou que manteve o valor dos salgados, mas aumentou o valor do suco de laranja em mais de 16% porque o produto ficou muito inflacionado.
“Adquiro meus salgados prontos, de uma empresa terceirizada. Em 2013, comecei comprando a unidade do salgado a R$ 0,90 e terminei o ano pagando por cada um R$ 1,10. Mesmo assim mantive o preço para o consumidor e só aumentei o preço do suco de laranja, porque a inflação estava demais. O valor da taça saiu de R$ 3,00 para R$ 3,50”, revelou.
Com a estratégia de manter o preço dos lanches, André Luís confessou que manteve os clientes, mas registrou queda de 5% no seu faturamento mensal. “Não podemos aumentar demais, porque a concorrência é grande”, justificou.
PREÇOS EM ALGUMAS FRANQUIAS CHEGAM AO VALOR DE REFEIÇÃO
O preço dos lanches, principalmente nas maiores franquias instaladas em João Pessoa, já são comparados e até ultrapassam o valor de refeições. Um lanche simples nestes locais, que inclui milk shake, batata-frita e sanduíche chega a R$ 30,00.
Nem as lanchonetes mais populares escaparam de fortes altas. Alguns consumidores perceberam variação de 66,6% ao longo de 2013. O assessor de crédito Marcílio Simões, que estava ontem com a esposa e filha em uma lanchonete da capital paraibana, afirmou que no ano passado o custo do lanche que costumava fazer era de R$ 3,00 e depois, no mesmo ano, passou para R$ 5,00. Mesmo assim, ele não deixou de consumidor este tipo de refeição. “Neste preço poderia comer um almoço tradicional com o feijão e arroz, mas as vezes prefiro o lanche para sair da rotina”, contou.
Alguns consumidores confessaram que o reajuste não mudou o hábito de optar pelos lanches. A solução para pagar as contas no final do mês foi trabalhar mais. “O preço do lanche no ano passado aumentou muito e com frequência opto por esta refeição porque é mais rápida. Lembro que costumava comprar uma coxinha por R$ 1,00 e no final do ano este preço já estava por R$ 1,75. Sei que fica mais caro no final do mês e para pagar o consumo tenho que trabalhar mais”, confessou.
O militar Naman Domingues disse que não consome lanche com muita frequência, mesmo assim percebeu um aumento considerável ao longo do ano passado. “Acredito que meu lanche aumentou cerca de R$ 2,00. E para o orçamento não estourar temos que controlar os gastos e reduzir o ritmo de consumo”.
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