VIDA URBANA
Paraibano troca comida saudável por fast food e amarga sobrepeso
Pesquisa da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) aponta que 66% da população nordestina está acima do peso.
Publicado em 27/12/2009 às 13:55
Jacqueline Santos
Do Jornal da Paraíba
Sanduíches, salgados, refrigerantes, frituras, biscoitos... A relação dos alimentos que fazem parte do almoço diário da operadora de caixa Edjaine Silvino Brito tem sido essa nos últimos 10 anos. A rotina desregrada se agravou há pouco mais de um ano, quando ela casou e passou a morar apenas com o marido. Ou seja, sem os constantes conselhos da mãe, a jovem de 24 anos está ainda mais descuidada com a alimentação e só come “besteiras”, como ela mesma diz.
Edjaine não é um caso isolado. A população paraibana está adotando um cardápio contrário ao considerado pelos nutricionistas como adequado para se manter saudável. As perigosas substituições das comidas regionais e das tradicionais (como feijão e arroz) pelos fast food são as causas de várias complicações na saúde, e mesmo assim não são levadas a sério pela maior parte da população.
Uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) aponta que 66% da população nordestina está acima do peso e troca grelhados por frituras, excluindo da mesa componentes essenciais como legumes e verduras. O médico especialista em cirurgia do aparelho digestivo, Luís Antônio Fonseca, confirmou que no Estado a realidade é bem parecida.
O levantamento do sistema Vigitel, do Ministério da Saúde, diz que 45,2% dos pessoenses com idade superior a 18 anos estão com quilos a mais e precisariam buscar alternativas para se livrar do excesso de peso. A maior incidência está na faixa etária entre 55 e 64 anos e os homens são os que mais brigam com a balança, ou seja, 60,1% da população masculina está longe do peso ideal, enquanto que em relação às mulheres o percentual corresponde a 57,9%.
Algumas preparações como as servidas em fast foods podem contribuir para a obesidade e complicações decorrentes do excesso de peso, já que são alimentos com altos teores de gordura, sódio (sal), e em contrapartida contém baixa quantidade de fibras. “Como no caso dos sanduíches contendo bacon, queijos gordos, manteiga, hambúrguer gorduroso, acompanhado de batatas fritas e molhos à base de maionese. Alguns estabelecimentos já levam em consideração a melhoria da qualidade deste tipo de preparação e colocam no cardápio, algumas opções de saladas”, especifica a nutricionista Regina Monteiro.
Os hábitos alimentares baseados no consumo de alimentos ricos em gorduras e massas, pobre em fibras, e a baixa ingestão de água, de frutas, verduras e legumes são os maiores vetores da qualidade alimentar. “Por conta disso, surgem doenças como obesidade, hipertensão e diabetes”, alerta.
Ela explica que existe uma diversidade de preparações e disponibilidade de alimentos que refletem no perfil nutricional das pessoas. Portanto, a escolha tem que ser bem criteriosa e o preparo não pode conter excessos.
Cardápio correto
Para ser considerado adequado, o cardápio deve conter nutrientes que atendam às necessidades de cada indivíduo, sendo balanceado com nutrientes essenciais (carboidratos, proteínas, gorduras), rico em fibras, água, vitaminas e minerais. Os nutricionistas alertam que no menu não pode faltar também as frutas, leites e derivados, legumes, verduras, feijão, carnes variadas, além de produtos à base de soja.
“Comer de forma saudável é aderir a uma alimentação equilibrada, sem exageros”, resume. Sem levar em conta as consequências desastrosas que podem surgir, Edjaine Silvino segue com um cotidiano desaprovado pelos profissionais de saúde.
A nutricionista Alline Grisi avisou que, além dos chamados fast foods, frituras, gorduras e alimentos industrializados influenciam para o sobrepeso e obesidade. Mas o local e os horários das refeições também interferem. Nem todas as pessoas possuem um ambiente calmo e agradável para comer e muitas não têm horário determinado para fazê-lo.
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