VIDA URBANA
Idosos são mais de 500 mil na PB
Aumento da longevidade e redução da taxa de mortalidade mudaram o perfil da população nos últimos anos
Publicado em 30/09/2012 às 9:28
O perfil demográfico da Paraíba acompanha uma tendência nacional. O aumento da longevidade e a redução das taxas de mortalidade mudaram o rosto da população, que do total de aproximadamente 3,8 milhões de habitantes, atualmente concentra 13% de idosos. O número de pessoas com 60 anos, ou mais, no Estado, passou de 415 mil para 502 mil nos últimos cinco anos, segundo dados levantados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O que se observa na sociedade é que infelizmente essa geração é pouco respeitada, desde situações mais simples, como a reserva de assentos nos transportes coletivos, que embora sinalizados como preferencial, é desrespeitado por muitos. Esse é o caso da aposentada Francisca Gomes, 69 anos, que relatou ter passado por essa situação várias vezes. “Além das pessoas sentarem nas cadeiras reservadas para nós, quando entramos nos ônibus fazem de conta que estão dormindo ou até mesmo que não estão nos vendo. Isso é muito constrangedor, é um enorme desrespeito aos mais velhos”, lamentou a aposentada.
Já a também aposentada Fátima Maria, 62 anos, disse que costumava ir ao Centro da cidade e a outros locais em seu carro, mas que acabou voltando a usar o transporte coletivo por ter dificuldades de encontrar vagas reservadas a idosos. “Não sei o que é pior, andar de ônibus e não poder sentar, ou querer a comodidade de andar de carro e ter as vagas reservadas para idosos ocupadas por jovens. O fato é que nos dois casos não podemos exercer nossos direitos”, declarou.
As duas idosas ressaltaram que esses são apenas alguns exemplos, mas que a lista de preconceitos e desafios vividos pelos maiores de 60 anos inclui inclusive maus tratos praticados por familiares. “Uma amiga minha estava sendo pressionada pelo neto, que mora com ela, a fazer um empréstimo e ela resistiu porque nunca gostou de fazer dívidas, até um dia que ele a empurrou”, contou. Ainda decepcionada ela declara “a pessoa ver um neto que é tratado com o maior amor fazer uma coisa dessa com a avó é triste demais”, relatou dona Francisca Gomes.
Sobre este acaso, o promotor dos Direitos do Cidadão e da Pessoa Idosa, Valberto Lira, disse que infelizmente isso é uma rotina em muitos ambientes familiares. “O idoso acaba sendo pressionado por familiares para fazer empréstimo consignado, com isso o que poderia ser um benefício para ele, acaba sendo objeto de opressão, levando em muitos casos a agressões físicas e psicológicas. Por isso ressaltamos a importância das denúncias, como forma de combater o abuso”, destacou.
Em contraponto, existem aquelas pessoas que não se permitem excluir da sociedade e de atividades laborais, a exemplo da aposentada Maria das Dores, 77 anos, que há mais de 10 anos participa de grupos de convivência. “Eu nunca tive dificuldades para sair de casa, sempre fui bem recebida por onde andei. Agora estou afastada dos grupos de convivência porque passei por problemas de saúde e ainda estou me recuperando, mas sempre participei de grupo de memória, educação física, hidroginástica e dança de salão. Conviver com essas pessoas sempre me deixou feliz e com o ânimo elevado”, afirmou.
Contudo, o promotor Valberto Lira salientou que ainda faltam políticas públicas voltadas para saúde, educação e assistência social na Paraíba e disse que apesar do Estatuto do Idoso ter apresentado avanços no Estado, é preciso reforçar a atuação dos conselhos municipais e estaduais do Idoso. “Apesar de considerarmos o Estatuto relativamente novo, aos poucos ele tem alcançado seus objetivos, mas mesmo assim, não conseguimos atingir a metade dos direitos que ele prevê, e isso tem preocupado o Ministério Público”, observou.
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