VIDA URBANA
Litoral da Paraíba vai ganhar espaço para readaptação de peixes-bois
Local está sendo construído no estuário da Barra do Rio Mamanguape.
Publicado em 09/10/2018 às 15:13 | Atualizado em 09/10/2018 às 19:05
O litoral da Paraíba vai ganhar um espaço para readaptação de peixes-bois marinhos, espécie que corre risco de extinção no Brasil.O local está sendo construído no estuário da Barra do Rio Mamanguape, por equipes do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, da Área de Proteção Ambiental (APA), da Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) e por voluntários da comunidade local.
O espaço, que está sendo estruturado em ambiente natural, será direcionado aos peixes-bois marinhos em fase de readaptação e também àqueles que precisem de tratamento e cuidados clínicos especiais. A ideia é que, assim que estiverem aptos, os animais sejam reintroduzidos no estuário da região.
A previsão é que o espaço comece a funcionar a partir do mês de dezembro. De acordo com o médico veterinário e pesquisador João Carlos Gomes Borges, coordenador do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, o cativeiro será de extrema importância para a conservação da espécie no país.
Estrutura igual só em Alagoas
“Dentro da estratégia nacional de conservação do peixe-boi marinho, estão previstas as reintroduções dos espécimes que encalharam e posteriormente foram reabilitados. Atualmente, no Nordeste, só existe uma estrutura semelhante a esta que estamos construindo e está localizada em Alagoas. Este cativeiro da Barra do Rio Mamanguape vai então agregar e otimizar os esforços em prol da soltura dos animais no nordeste brasileiro. Uma vez construído o cativeiro, daremos maior celeridade a este processo de reintegração de peixes-bois aos ambientes naturais”, disse João Carlos.
De acordo com o pesquisador, a Área de Proteção Ambiental (APA) da Barra do Rio Mamanguape é uma região propícia para essa reintegração da espécie. “Trata-se de uma das principais áreas de ocorrência de peixes-bois marinhos no Brasil, é um local que ainda dispõe dos principais atributos ecológicos que propiciam à existência da espécie, contando com um importante estuário, ambiente marinho, fontes de alimentação, qualidade hídrica, águas calmas e protegidas, e, além disso, trata-se de uma área de proteção ambiental”, ressalta o coordenador do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho.
A APA da Barra do Rio Mamanguape é uma região histórica na reintrodução de peixes-bois marinhos. Hoje alguns destes animais que foram reintroduzidos utilizam esta área. Neste contexto, o cativeiro também vai auxiliar no acompanhamento veterinário destes animais. “Eventualmente, alguns destes animais podem vir a ter algum comprometimento clínico e necessitar de tratamento mais efetivo. Em situações deste tipo, realizar o tratamento em um animal de vida livre requer um esforço muito grande, com dificuldades relacionadas a fatores como amplitude das marés, que muitas vezes limita a aproximação aos animais. Por meio do cativeiro, essas dificuldades serão minimizadas e o tratamento, quando necessário, será realizado com maior eficiência”, complementa Vanessa Rebelo, médica veterinária do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho.
Educação ambiental
Além disso, o espaço vai contribuir também na sensibilização e conscientização da comunidade e de turistas que vierem visitar a região sobre a importância da conservação da espécie. “Nós entendemos que a estratégia de conservação do peixe-boi marinho integra diferentes instituições de pesquisa, instituições governamentais, não-governamentais e, sobretudo, a sociedade. Desta forma, entendemos que os animais que estiveram no cativeiro durante a fase de readaptação poderão ser um atrativo, fortalecendo assim o turismo de observação de peixes-bois marinhos na região, claro que de forma responsável e dentro das normativas estabelecidas”, explica João Carlos Gomes Borges.
O Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho , realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos e patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, é uma estratégia de conservação e pesquisa para evitar a extinção desta espécie no Nordeste do Brasil. Atua nas áreas de pesquisa, tecnologia de monitoramento via satélite, manejo, educação ambiental, desenvolvimento comunitário, fomento ao turismo eco pedagógico e políticas públicas.
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