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VIDA URBANA

Paraíba tem 514 mil famílias vivendo abaixo da linha da pobreza

Segundo Ministério do Desenvolvimento Social, essas famílias vivem com renda per capita de até R$ 85.

Publicado em 16/10/2018 às 11:41 | Atualizado em 16/10/2018 às 17:50


                                        
                                            Paraíba tem 514 mil famílias vivendo abaixo da linha da pobreza
dia mundial da alimentação (Foto: Maria Eduarda Lima)

O armário pendurado na parede guarda alguns pacotes de fubá, açúcar, feijão, arroz e macarrão. A comida veio de doações e é a única que a família tem para alimentar oito crianças e dois adultos e não há previsão de quando chegarão outros alimentos. Jonas Oliveira do Nascimento, de 31 anos, e Maria da Luz Mendes, de 34 anos, vivem juntos há dez anos. Quando Maria foi morar com Jonas, já tinha quatro filhos. Juntos, o casal teve mais quatro. Hoje, todos sobrevivem com cerca de R$ 321 por mês provenientes do Bolsa Família.

Já houve dias em que os pais não tinham comida para alimentar os filhos. “A gente vive de doações, mesmo. Um irmão ajuda aqui, outro lá. Já chegou o dia da gente não ter o que comer. É duro para um pai ver o filho pedindo comida e não ter pra dar. Eu dobro meus joelhos no chão e peço a Deus para que Ele me ajude, que me dê forças e coragem pra que eu consiga comida pros meus filhos. Graças a Deus tem gente que nos ajuda, dá comida, um dinheirinho aqui, outro ali e a gente consegue ir levando a vida, com a boa vontade das outras pessoas de nos ajudam", comenta Jonas.

A história de Jonas e Maria não é a única na Paraíba, já que cerca de 514 mil famílias paraibanas vivem abaixo da linha da pobreza na estado. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento Social e, de acordo com o órgão, essas famílias vivem com renda per capita de até R$ 85. Os dados chamam atenção nesta terça-feira (16), Dia Mundial da Alimentação.

De acordo com os dados do IBGE de 2013, cerca de 36,5% da população paraibana vive em algum grau de insegurança alimentar, que é quando as famílias não têm acesso permanente à alimentação em quantidade e qualidade adequadas. Os níveis de insegurança alimentar variam e vão desde a má alimentação por falta de recursos até a fome extrema. Segundos os mesmos dados de 2013, cerca de 3,3% da população do estado da Paraíba sofre com a insegurança alimentar no nível mais grave.

Doença agrava quadro de pobreza

Há oito meses um dos filhos do casal de 10 anos foi diagnosticado com câncer e, Maria, que já não trabalhava porque precisava ficar em casa cuidando dos filhos, teve que se dedicar exclusivamente ao tratamento de Aleff. Jonas teve que largar o emprego para se dividir entre o cuidado dos outros filhos e ficar no hospital com a outra criança.

A vida que já não era fácil ficou mais difícil, o tratamento de Aleff requer cuidados, idas e vindas ao médico e remédios. O dinheiro do Bolsa Família é quase todo gasto com o menino e com as contas fixas em casa como água e luz. A alimentação vem em grande parte de doações de vizinhos e dos amigos da igreja.

Já houve dias em que os pais não tinham comida para alimentar os filhos "a  gente vive de doações, mesmo. Um irmão ajuda aqui outro lá. Já chegou o dia da gente não ter o que comer. É duro para um pai ver o filho pedindo comida e não ter pra dar. Eu dobro meus joelhos no chão e peço a Deus para que ele me ajude, que me dê forças e coragem pra que eu consiga comida pros meus filhos. Graças a Deus tem gente que nos ajuda, dá comida, um dinheirinho aqui outro ali e a gente consegue ir levando a vida, com a boa vontade das outras pessoas de nos ajudam" comentou Jonas.

Projetos não alcançam população com fome

De acordo com a Secretaria do Estado de Desenvolvimento Humano o governo do estado dispõe de alguns projetos de enfrentamento a essa realidade da pobreza, como o programa  Leite da Paraíba, que distribui leite para cerca de 30 mil famílias; o Cartão Alimentação, que beneficia cerca 46 mil famílias; os Restaurante Populares, que atendem cerca de quatro mil famílias em João Pessoa, Campina Grande, Patos e Santa Rita.

Se somados, no entanto, os projetos não conseguem chegar nem à metade das famílias em situação de vulnerabilidade no estado.

Além disso, o programa de Abono Natalino atende cerca de 504 mil famílias, oferecendo a elas no início do mês de dezembro um pagamento de cerca de  R$ 32 além de compras de produtos agrícolas para beneficiar famílias que vivem na zona rural.

Pobreza é realidade ampla

A pobreza não é realidade apenas na Paraíba: cerca de 52,168 milhões de brasileiros estavam abaixo da linha da pobreza em 2016, segundo o IBGE. De acordo com o cálculo do Banco Mundial, está abaixo da linha da pobreza quem vive com menos de US$ 5,50 (R$ 18,24) por dia. No nordeste 43,5% dos moradores vivem com renda igual ou inferior a essa estipulada pelo Banco Mundial.

Enquanto o cenário não muda, famílias como a Jonas e Maria vão sobrevivendo de bicos e da boa vontade de outras pessoas. O casal sonha em conseguir um emprego para Jonas. "Eu rezo todos dos dias pra que ele consiga um emprego, pras coisas melhorarem um pouco. Semana passada ia começar o a radioterapia de Aleff, ele tinha que se internar, mas eu não tinha como levar ele no hospital, não tinha dinheiro da passagem. Se Jonas conseguir um emprego, eu dou um jeito de arrumar alguém pra cuidar dos meninos enquanto eu tô no hospital, mas pelo menos a gente ia ter mais certeza de ter uma ‘melhorinha’ na vida" desabafou Maria.

* Sob supervisão de Aline Oliveira

Imagem

Aline Oliveira

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