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VIDA URBANA

Homem forjou cena do crime para esconder assassinato da esposa

Cena foi manipulada para forjar um suicídio, afirmou perito criminal. Homem nega ter matado a esposa.

Publicado em 20/07/2016 às 11:34

Segundo a Polícia Civil, o caso envolvendo uma professora encontrada com um tiro na cabeça no bairro do Muçumagro, Zona Sul de João Pessoa, na segunda-feira (18), foi realmente um assassinato, diferente da hipótese de suicídio que se acreditava no início das investigações. Conforme a delegada responsável pelo caso, Maria das Dores Coutinho as evidências apontam a improbabilidade de um suicídio. E de acordo com o perito criminal Ademar Roberto, a cena do crime foi completamente manipulada para forjar um suicídio. Os detalhes da investigação foram apresentados durante entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira (20), na Central de Polícia Civil, no bairro do Geisel, na capital.

"Ela não teria como atirar na própria cabeça sendo que as evidências apontam um tiro a distância", afirmou a delegada Maria das Dores. Com bases técnicas, a delegada afirma "sem medo de errar", que trata-se de um homicídio, "e não tem dúvidas de que foi ele [o companheiro da vítima]".

Segundo o perito Ademar Roberto, a cena foi completamente manipulada para forjar um suicídio. "Não foi observado queimadura na cabeça da vítima", disse. As manchas de sangue também não apresentavam características de um suicídio. "O sangue escorria no sentido de cima para baixo [diferente do que seria encontrado caso a vítima tivesse retirado a própria vida]. E aí, fomos descartando a possibilidade de um suicídio", afirmou o perito.

O suspeito, identificado como Carlos Eduardo Carneiro Ferreira Filho, de 30 anos, professor de informática, que mantinha relacionamento com Priscila há 16 anos e estavam casados há seis, alegou inocência durante seus depoimentos à polícia. O professor afirma ter ido dormir por volta das 21h, acordou com os disparos e tentou reanimá-la, mas não conseguiu. "Eu acordei com os disparos, e fui socorrer. Ela deu o último suspiro no meu braço. Minha vida era ela. Chamei [o Samu] na hora", relatou Carlos Eduardo. A arma que o suspeito tinha em casa, segundo ele, era herança de seu pai, e estava enterrada porque esperava mudanças na lei para poder registrá-la.

A delegada Maria das Dores rechaça os argumentos do suspeito. "A estimativa de morte não coincide com o horário que o acusado diz pedir socorro aos vizinhos", disse a delegada. "O crime pode ter sido cometido em um momento de fúria", completou.

Também foram identificadas mensagens do suspeito que mostravam um certo desprezo para com a vítima, o que leva a polícia a crer que o casal passava por uma fase conturbada do relacionamento. O companheiro de Priscila Vanessa tinha porte de arma, e segundo ele, ensinou a vítima a manusear as armas.

Para o pai de Priscila Vanessa, Ribamar Mendonça, a filha não cometeria suicídio. "Tenho certeza que minha filha jamais retiraria a própria vida. Acredito que a justiça será feita", comentou.

A perícia

O perito Ademar Roberto relatou detalhes da perícia, que apontaram o homicídio. "A vítima já se encontrava em decline dorsal, além disso foi encontrada a arma há uma distância de 2 metros e meio do corpo, em cima de um banco, sem o carregador, que se encontrava no chão. Durante toda a perícia, não foram encontrados o projétil, nem o 'estojo'", detalhou.

Foram encontradas pegadas com manchas de sangue do jardim até o terraço da casa, que apontaram o deslocamento, possivelmente, do marido da vítima. E, principalmente, as marcas de sangue nas roupas da vítima deram a real característica do crime. "As manchas de sangue não eram compatíveis com um suicídio. O sangue escorria no sentido de cima para baixo. E aí fomos descartando a possibilidade de suicídio", contou Ademar.

"A vítima foi manipulada na cena do crime", conforme o perito criminal Hebert Bosson. "Não encontramos nenhum elemento sequer condizente com um suicídio. A perícia não está aqui para determinar autoria do crime, a perícia é categórica, através da ciência da cena do crime, em dizer que não se trata de um suicídio", frisou Bosson.

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Jornal da Paraíba

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