ECONOMIA
BC faz décimo corte nos juros
De agosto do ano passado, quando a taxa estava em 12,50% ao ano, a Selic perdeu 5,25 pontos percentuais até chegar aos atuais 7,25%.
Publicado em 11/10/2012 às 6:00
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) surpreendeu ontem o mercado financeiro e diminuiu mais uma vez a taxa básica de juros (Selic) em 0,25 ponto percentual, chegando a 7,25%. Foi a décima reunião consecutiva em que o colegiado de diretores do BC optou pelo afrouxamento da política monetária, de modo a incentivar o crescimento da atividade econômica.
De agosto do ano passado, quando a taxa estava em 12,50% ao ano, a Selic perdeu 5,25 pontos percentuais até chegar aos atuais 7,25% - uma queda equivalente a 42% – e renovou pela terceira vez o patamar de juro básico mais baixo da história do Copom, criado em junho de 1996.
Em nota divulgada logo após a término da penúltima reunião do Copom no ano, o colegiado de diretores do BC informa que a redução de 0,25 ponto percentual teve 5 votos a favor, enquanto três diretores optaram por manter a taxa nos atuais 7,50%.
O Copom explica que “considerando o balanço de riscos para a inflação, a recuperação da atividade doméstica e a complexidade que envolve o ambiente internacional”, entende que “a estabilidade das condições monetárias por um período de tempo suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta, ainda que de forma não linear”.
O corte contraria a estimativa do último relatório Focus, feito pelo BC a partir de consultas a instituições financeiras. Nesta semana, a previsão divulgada era de que a Selic deve terminar 2012 com a taxa em 7,50%. No entanto, as projeções de analistas apontavam para uma queda de 0,25%.
Essa falta de consenso nas previsões reflete o dilema que o BC enfrenta. Com a inflação dando sinais de alta, o desafio é não estourar a meta do governo, de 4,5% (com teto de 6,5%), em um cenário de alta dos preços, mas com a atividade baixa e precisando de estímulos ao consumo.
A taxa de juros é um dos principais instrumentos de controle dos preços no país. Em tese, baixando os juros, estimula-se o consumo em razão do alívio no preço dos produtos e serviços.
No acumulado dos 12 meses, encerrados em setembro, a inflação soma alta de 5,28%.
Para Claudemir Galvani, professor de Economia da PUC-SP e diretor da Metha Consultoria, a decisão do Copom ocorreu como o mercado esperava. "Ainda há espaço para que a Selic caia a 0,5%. Mas, tendo em vista que a inflação subiu em setembro, o BC evita dar a cara para bater e fez uma redução mais tímida de 0,25%. A decisão do comitê, neste momento, deve ter levado em consideração a repercussão da imprensa e do mercado, por isso cortaram menos", afirma Galvani.
JUROS REAIS EM QUEDA
Com a queda de ontem, os juros reais do Brasil devem ficar abaixo dos 2% ao ano. Os juros reais, que excluem a inflação do IPCA, devem baixar para 1,95%.
Comentários